Por Izabel Gurgel (*)
Solange e Gilberto fazem há oito anos um presépio na garagem de
casa, em Juazeiro do Norte, no bairro do Limoeiro, "perto da Igreja de São
José do Limoeiro". Visita-se presépios até 6 de janeiro, dia da Epifania
do Senhor. O Menino Deus se revela. Parte do Ocidente cristão lembra a
visitação dos Reis Magos ao Divino Encarnado.
Gilberto e Solange recebem visitantes até 2 de fevereiro, o
derradeiro dia da Festa de Nossa Senhora das Candeias, que se encerra com a
saída (tão bonita e anunciada quanto a chegada) das legiões em viagem para a
primeira romaria do ano.
Em 2020, ouvi de um dono de hotel localizado na Praça Padre
Cícero, no Centro, que é casa cheia "de dezembro até as
Candeias". Comecinho de 2025, fui ver, ao vivo, o presépio tão bem contado
por Solange e Gilberto.
O presépio é promessa feita com a graça já a caminho. Na volta da
viagem a Recife em busca de cura, Gilberto lembra da avó Bezinha. Ele estava
para colocar no altar de casa o menino Jesus recebido na rodoviária de
Juazeiro, antes de partir com Solange. Presente do cunhado Vicente para
acompanhar o casal. "A gente levava pra todo canto que ia", diz
Solange.
"Vou fazer um presépio", Gilberto diz para si, ao lembrar da avó
que tinha presépio em casa e o levou, ele na casa dos 3 anos, para viver com
ela e o avô Manuel Domingos em Belém de São Francisco, em Pernambuco. O avô
("foi engraxate do Padre Cícero") comprava calçados em Juazeiro, onde
tudo se fazia. A avó cuidava do comércio.
Gilberto nasceu em Juazeiro dia 17 de novembro de 1970. É um
dos 13 filhos que se criaram, do total de 16, do casal Maria Inez e Raimundo
Nogueira de Sousa. A viagem da qual retornava era a segunda até Pernambuco em
busca de tratamento de saúde e uma vida possível.
(*) Jornalista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/01/25. Vida & Arte, p.2.
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