Por Sofia Lerche Vieira (*)
Conforme esperado, Donald Trump, uma vez empossado, retirou
novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris e de compromissos relativos à
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Má notícia para o
mundo, que se vê na urgência de enfrentar os desafios decorrentes das múltiplas
faces da crise ambiental. O debate sobre o tema ainda é incipiente no Brasil,
de modo particular, no campo da educação.
Cientes da urgência de ampliar o diálogo a respeito da matéria, nos últimos dois anos,
instituições internacionais (Unesco, 2023 e 2024; OCDE, 2024; e Banco Mundial,
para citar alguns) têm produzido estudos sobre o tema.
Empenhadas em disseminar tal conhecimento, organizações da
sociedade civil — movimento Todos pela Educação, Banco Master, Instituto Terra
Firme e D3e — se associaram para traduzir e sintetizar tais documentos,
examinando a pertinência de tal argumentação para o país. O esforço
resultou em uma nota técnica disponível online (Ver: d3e.com.br), assinada por
mim, que começa a ser disseminada no país.
Ao suscitar a reflexão, esses atores estratégicos visam
motivar os responsáveis pela formulação de políticas públicas, tanto os
governos (federal, estaduais e municipais) como o poder Legislativo. A intenção
é discutir e encaminhar soluções para os problemas associados às emergências
ambientais e seus efeitos sobre o acesso, a permanência e a aprendizagem de
crianças e jovens na escola.
Tal esforço, porém, será inútil se ficar circunscrito a
ministérios, secretarias e gabinetes parlamentares. Requer um movimento
deliberado de inserção e adesão da sociedade civil de se apropriar da discussão
para definir um grande pacto nacional de enfrentamento dos desastres naturais e
em busca de soluções sustentáveis para equacionar problemas decorrentes.
A escola pode vir a ter um papel importante nesse cenário. Disposta
a inovar e criar, com apoio financeiro doa poderes público e privado, saberá
incluir em seu projeto político-pedagógico ações que contribuam para a
formação de cidadãos conscientes e críticos em relação às mudanças climáticas e
problemas correlatos.
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/01/25. Opinião. p.20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário