Por Ruan de Andrade Fernandes (*)
A meningite é uma inflamação grave das
membranas que envolvem o sistema nervoso, considerada uma urgência médica que
requer tratamento imediato. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),
é uma doença devastadora e continua sendo um desafio para a saúde pública. Pode
ser causada por diversos patógenos (bactérias, fungos ou vírus), mas a
meningite bacteriana é a que apresenta a maior letalidade. Doença de
notificação compulsória em até 24 horas, todos os casos suspeitos ou
confirmados devem ser notificados às autoridades. Desde 2010 até 2024 foram
confirmados 233.918 no Brasil. Dentre os casos confirmados, foram registrados
22.504 óbitos, sendo uma média de 1.500 por ano.
Os sintomas típicos incluem febre alta, dor
de cabeça intensa, rigidez de nuca, náuseas, vômitos, confusão mental,
convulsões e, em alguns casos, erupções cutâneas. A incidência da meningite
está diretamente relacionada a diversos fatores de risco que influenciam a
suscetibilidade dos indivíduos à infecção. A faixa etária é um dos principais
determinantes, sendo que crianças menores de 5 anos apresentam maior
vulnerabilidade devido à imaturidade do sistema imunológico. Da mesma forma,
adultos com mais de 60 anos estão em risco aumentado, frequentemente por
apresentarem comorbidades.
O diagnóstico da meningite é confirmado,
principalmente, durante a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), obtido
por meio da punção lombar. Além disso, a cultura e teste molecular do LCR é
essencial para a identificação do agente causador da infecção. Em 2024, foi
incorporado no SUS o painel molecular multiplex rápido para diagnóstico de
meningites e encefalites com capacidade de detectar 14 patógenos dentre vírus,
bactérias e fungos causadores de infecções, levando até 60 minutos. Exames de
imagem auxiliam na avaliação de possíveis complicações.
O tratamento da meningite deve ser iniciado
logo após a coleta de amostras para cultura. Paralelamente, o suporte clínico
desempenha papel fundamental no controle dos sintomas e na estabilização da
pressão intracraniana, contribuindo para um melhor prognóstico do paciente.
Existem medidas de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia,
enfatizando que as vacinas estão disponíveis no SUS para prevenção das
principais causas de meningite bacteriana.
(*) Médico
infectologista.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/04/2025. Opinião. p.15.
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