Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)
Em coautoria com
os pesquisadores Pedro Humberto e Cláudia Decesares, lançamos o livro
Solidariedade Fiscal: desmistificando o nível de tributação e seu impacto no
crescimento econômico. Realizamos uma análise comparativa de 126 países,
incluindo o Brasil. Os dados foram obtidas junto ao Banco Mundial, à
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e ao Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa de
Orçamentos Familiares e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Já as
informações relativas à União, aos estados e aos municípios foram
disponibilizadas pela Secretaria do Tesouro Nacional.
A seguir,
respondemos a algumas perguntas frequentes no debate sobre a carga tributária e
seus efeitos na economia brasileira.
1 - A carga
tributária (CT) no Brasil é alta? Não. O Brasil apresenta apenas 28% da
arrecadação tributária média per capita, em paridade de poder de compra
considerando 26 países de elevada renda per capita. O problema, no entanto,
está na composição da carga tributária. Uma reforma tributária abrangente e
inclusiva deve priorizar a tributação de indivíduos de alta renda, sobretudo a
de capital, além de fortalecer a tributação sobre o patrimônio.
2 - É possível
fazer comparações internacionais de carga tributária? Sim, mas cuidado com a
comparabilidade. Entre 2000 e 2021, a arrecadação tributária média foi de 32%
do Produto Interno Bruto (PIB) oficial. Apesar dos avanços proporcionados pelos
Simples Nacional e Microempreendedor Individual, o Brasil ainda conta com cerca
de 38 milhões de brasileiros na informalidade, de acordo com dados da Pesquisa
Economia Informal e Urbana, do IBGE. Conforme o Banco Mundial, o setor informal
brasileiro é muito mais elevado que o dos países desenvolvidos. Considerando o
PIB real, a carga tributária cai para 23%, já que a tributação não incide sobre
bens, serviços e rendimentos de trabalhadores e empregadores informais. Isso
gera uma desconexão entre o nível de arrecadação e a necessidade de gastos
públicos.
3 - A tributação
sobre rendimentos do capital e patrimônio precisa ser mudada?
Sim. O Brasil se
destaca pela baixa progressividade. A nossa historiografia tributária rendeu
alargada desigualdade. Nosso estudo levantou que a tributação sobre juros,
dividendos e ganhos de capital foi de 23% nos países desenvolvidos como
Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá e Holanda enquanto no Brasil esse percentual
não ultrapassa 15%. Tomando o Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana
(IPTU) como exemplo, o Brasil arrecada apenas 0,5% do PIB com esse tributo,
contra 2,4% na França e 3% nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
O trabalho
completo pode ser acessado em: https://encurtador.com.br/b9VHx.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e
Planejamento do Eusébio-Ceará.
Fonte: O Povo, de 29/05/25. Opinião. p.17.
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