O Sr. Ministro da Educação, Aloízio
Mercadante Oliva, na ausência de outros feitos importantes de sua pasta, tem
buscado espaços em diferentes searas políticas, talvez, no intuito de se tornar
uma eminência parda do governo Dilma.
No auge da refrega envolvendo o Ministério
da Saúde e os médicos e suas entidades, o Sr. Aloízio Mercadante entranhou uma
cunha no programa do governo federal “Mais Médicos”, que, equivocadamente,
impõe dois anos adicionais na formação médica, passando a duração do curso para
oito anos.
O educador Mercadante, por certo, é um
cidadão muito estudioso e deve apreciar que as pessoas permaneçam, por longos
anos, vinculadas às instituições de ensino superior, a julgar por seu próprio
exemplo, pois levou quase 13 anos (1977-1989), para concluir o Mestrado, e
cerca de 16 anos (1995-2010), para obtenção do Doutorado, ambos títulos em Ciência Econômica
concedidos pela Unicamp, consoante pode ser visto em seu currículo Lattes.
Para alguns educadores, períodos tão alargados
de inserção escolar podem ser entendidos como inépcia e baixo rendimento
acadêmicos, redundando em jubilamento institucional do pós-graduando, com
sérios prejuízos à avaliação do programa de pós-graduação, perpetrado pela
Capes. Para outros experts, um tempo
estendido pode significar um maior grau de amadurecimento científico,
resultando em um pesquisador de base sólida e proficiente.
Perfil de pesquisador não é o caso do Prof.
Mercadante, pois, em 36 anos de vida profissional, publicou (ou organizou) dez livros e teve 13 capítulos de
livros publicados, mas não registra um só artigo científico sob a sua autoria;
como reflexo de sua intensa atividade política, há 276 textos em jornais de
notícias/revistas, produtos considerados de divulgação pública, porém sem os
créditos científicos reconhecidos pela academia.
No mercado de
trabalho desde quando se graduou em Economia pela USP, em 1976, esse reputado
político mercadejou sua força laboral junto a várias entidades, tendo ingressado no magistério superior na PUC de São
Paulo, em 1978, e na Unicamp, em 1988, sem qualquer pós-graduação.
Pelo visto, o Sr. Mercadante, que não teve
lá muita pressa para se qualificar, quer que os médicos sejam como jesuítas,
com longo período de formação, além do dever da obediência aos superiores da
ordem, e fiquem engajados no trabalho missionário do SUS, quiçá observando
votos de castidade e de pobreza.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado In: O Povo, de 6 de agosto de 2013. Caderno A
(Opinião). p.7.
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