terça-feira, 6 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO MÉDICA MERCADEJANTE



O Sr. Ministro da Educação, Aloízio Mercadante Oliva, na ausência de outros feitos importantes de sua pasta, tem buscado espaços em diferentes searas políticas, talvez, no intuito de se tornar uma eminência parda do governo Dilma.
No auge da refrega envolvendo o Ministério da Saúde e os médicos e suas entidades, o Sr. Aloízio Mercadante entranhou uma cunha no programa do governo federal “Mais Médicos”, que, equivocadamente, impõe dois anos adicionais na formação médica, passando a duração do curso para oito anos.
O educador Mercadante, por certo, é um cidadão muito estudioso e deve apreciar que as pessoas permaneçam, por longos anos, vinculadas às instituições de ensino superior, a julgar por seu próprio exemplo, pois levou quase 13 anos (1977-1989), para concluir o Mestrado, e cerca de 16 anos (1995-2010), para obtenção do Doutorado, ambos títulos em Ciência Econômica concedidos pela Unicamp, consoante pode ser visto em seu currículo Lattes.
Para alguns educadores, períodos tão alargados de inserção escolar podem ser entendidos como inépcia e baixo rendimento acadêmicos, redundando em jubilamento institucional do pós-graduando, com sérios prejuízos à avaliação do programa de pós-graduação, perpetrado pela Capes. Para outros experts, um tempo estendido pode significar um maior grau de amadurecimento científico, resultando em um pesquisador de base sólida e proficiente.
Perfil de pesquisador não é o caso do Prof. Mercadante, pois, em 36 anos de vida profissional, publicou (ou organizou) dez livros e teve 13 capítulos de livros publicados, mas não registra um só artigo científico sob a sua autoria; como reflexo de sua intensa atividade política, há 276 textos em jornais de notícias/revistas, produtos considerados de divulgação pública, porém sem os créditos científicos reconhecidos pela academia.
No mercado de trabalho desde quando se graduou em Economia pela USP, em 1976, esse reputado político mercadejou sua força laboral junto a várias entidades, tendo ingressado no magistério superior na PUC de São Paulo, em 1978, e na Unicamp, em 1988, sem qualquer pós-graduação.
Pelo visto, o Sr. Mercadante, que não teve lá muita pressa para se qualificar, quer que os médicos sejam como jesuítas, com longo período de formação, além do dever da obediência aos superiores da ordem, e fiquem engajados no trabalho missionário do SUS, quiçá observando votos de castidade e de pobreza.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado In: O Povo, de 6 de agosto de 2013. Caderno A (Opinião). p.7.

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