quinta-feira, 27 de outubro de 2016

DITOS POPULARES


Por Pedro Israel Novaes de Almeida (*)
Os ditos populares atravessam séculos, e podem ser produtos da observação direta de fatos que se repetem ou mesmo da disseminação de preconceitos e ignorâncias de uma ou outra época.
O mais sábio e acertado dos ditos enuncia: “Pai rico, filho nobre e neto pobre”. O histórico da maioria das famílias demonstra tal sabedoria.
Alguém enriquece, tende a criar o filho sem exigir dele algum esforço e este, criado como nobre, tende a não transmitir ao descendente a fortuna que herdou, liquidando-a em vida.
O ditado serve como consolo aos desvalidos, que vivem argumentando haverem nascido na geração errada. Quando alguma família consegue driblar o adágio, com pai rico, filho rico e neto rico, teremos fundada uma monarquia, ou ditadura em país subdesenvolvido.
Alguns ditados são produtos exclusivos da observação, como “Preto ou Japonês, quando pinta, tem cento e trinta”. Realmente, são tipos longevos.
Para instar a adaptação ao meio, dizem que “Em rio com piranha, jacaré nada se costas”.  A frase integra o manual de iniciação à política.
Pessoas naturalmente feias vivem esgrimindo o famoso “Quem vê cara não vê coração”. Pode não resolver, mas alivia.
Algumas frases foram criadas como tentativas de aplacar a quase irresistível tendência do viciado em jogos de azar, ou a sanha arrecadadora de poder ou riquezas: “Quem tudo quer, tudo perde”.
Há ditados muito repetidos, mas pouco acreditados, como “Dinheiro não traz felicidade”. Não traz, mas ajuda!
Há ensinamentos já testados e confirmados, que asseveram: “Diga com quem andas e direi quem és”.   Não vale para agentes de escolta.
Políticos recém-eleitos, comissionados em geral e ganhadores de loterias devem haver inspirado o criador do famoso “Quem nunca comeu, quando come se lambuza”.
Relíquia da época do individualismo exacerbado e descompromisso social, ainda hoje ouvimos, vez ou outra, que “Quem pariu Mateus que o embale”.  O autor certamente pretendeu reafirmar a obrigação parental, ou a responsabilização por algum malfeito.
Alguns ditos parecem preconceituosos, mas são úteis, em algumas situações. Assim, “Parece anel de brilhante, em focinho de porco”.  Carteiros, muitos, já foram vítimas de ditados irresponsáveis, como o famoso “Cão que ladra não morde”. Esportistas jamais acreditaram que “Os últimos serão os primeiros”.
Há enunciados que acabam corrigidos pela população. Assim, o sábio “Quem dá aos pobres empresta a Deus” acabou convertido em “Quem dá aos pobres e empresta, adeus”.
Dizem, erradamente, que “A ocasião faz o ladrão”. Na verdade, a ocasião revela o ladrão.
(*) O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

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