Por Pedro Israel Novaes de Almeida (*)
Os
ditos populares atravessam séculos, e podem ser produtos da observação direta
de fatos que se repetem ou mesmo da disseminação de preconceitos e ignorâncias
de uma ou outra época.
O
mais sábio e acertado dos ditos enuncia: “Pai rico, filho nobre e neto
pobre”. O histórico da maioria das famílias demonstra tal sabedoria.
Alguém
enriquece, tende a criar o filho sem exigir dele algum esforço e este, criado
como nobre, tende a não transmitir ao descendente a fortuna que herdou,
liquidando-a em vida.
O
ditado serve como consolo aos desvalidos, que vivem argumentando haverem
nascido na geração errada. Quando alguma família consegue driblar o adágio, com
pai rico, filho rico e neto rico, teremos fundada uma monarquia, ou ditadura em
país subdesenvolvido.
Alguns
ditados são produtos exclusivos da observação, como “Preto
ou Japonês, quando pinta, tem cento e trinta”. Realmente, são tipos
longevos.
Para
instar a adaptação ao meio, dizem que “Em rio com piranha, jacaré
nada se costas”. A frase integra o
manual de iniciação à política.
Pessoas
naturalmente feias vivem esgrimindo o famoso “Quem vê cara não vê
coração”. Pode não resolver, mas alivia.
Algumas
frases foram criadas como tentativas de aplacar a quase irresistível tendência
do viciado em jogos de azar, ou a sanha arrecadadora de poder ou riquezas: “Quem
tudo quer, tudo perde”.
Há
ditados muito repetidos, mas pouco acreditados, como “Dinheiro
não traz felicidade”. Não traz, mas ajuda!
Há ensinamentos
já testados e confirmados, que asseveram: “Diga com quem andas e direi
quem és”. Não vale para agentes
de escolta.
Políticos
recém-eleitos, comissionados em geral e ganhadores de loterias devem haver inspirado
o criador do famoso “Quem nunca comeu, quando come se lambuza”.
Relíquia
da época do individualismo exacerbado e descompromisso social, ainda hoje
ouvimos, vez ou outra, que “Quem pariu Mateus que o embale”. O autor certamente pretendeu reafirmar a
obrigação parental, ou a responsabilização por algum malfeito.
Alguns
ditos parecem preconceituosos, mas são úteis, em algumas situações. Assim, “Parece
anel de brilhante, em focinho de porco”. Carteiros, muitos, já foram vítimas de ditados
irresponsáveis, como o famoso “Cão que ladra não morde”.
Esportistas jamais acreditaram que “Os últimos serão os
primeiros”.
Há
enunciados que acabam corrigidos pela população. Assim, o sábio “Quem
dá aos pobres empresta a Deus” acabou convertido em “Quem
dá aos pobres e empresta, adeus”.
Dizem,
erradamente, que “A ocasião faz o ladrão”. Na verdade, a ocasião
revela o ladrão.
(*) O autor é engenheiro
agrônomo e advogado, aposentado.
Fonte: Circulando por
e-mail (internet).
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