terça-feira, 24 de janeiro de 2017

AC MEDICINA: Continuidade & Inovações


Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Contrariando vezo (costume) condenável de administradores brasileiros – a descontinuidade –, a nova diretoria da quase quarentona Academia Cearense de Medicina (05/1978) vem mantendo as diretrizes basilares assentadas pelo diligente condutor anterior, dr. Vladimir Távora F. Cruz. Contudo, ouve-se a pregação de um novo evangelho, pelo atual presidente, não menos notável professor Manassés C. Fonteles. Nesse breviário sobressai sua pretendida disponibilização no enfrentamento especializado de recentes e revelhas moléstias. Destarte, a ACM apontaria a solução para desafios impostos à superintendência oficial de interesses sanitários.
Seria qual um assessoramento jurídico prestado pela OAB quando requisitada. “Mutatis mutandis”, médicos comporiam conselhos de saúde em diversas repartições, ligadas à higidez dos seus afiliados. Sua atuação seria sobremaneira na preservação de doenças mortais como a coronariana, o câncer, o AV – cerebral, os distúrbios respiratórios graves, renais, hepáticos, e o diabetes. Paralelamente, os progressos científicos desde 1966, inclusive a inversão do envelhecimento (!) mereceriam melhor compreendidos à luz da genética e da biotecnologia, como pelos procedimentos com nano – robôs (do grego “nánnos” = anão) estes do tamanho de uma célula sanguínea (fineza ler “Dr. Robô”, 20/1/1992).
Vale aqui salientada a ficção científica do futurólogo russo–americano Isaac Asimov, em “Viagem fantástica”. Hoje, cogita-se até da molécula “reversine” na reprogramação de células envelhecidas, e nos “respirócitos”, mais eficientes do que as hemácias no transporte de oxigênio pelo sangue. É esse o “admirável mundo novo”, do inglês Aldous Huxley, previsto em 1932. Outrossim sedutor é o imperioso estudo da imunologia, fronteira derradeira de uma medicina já denominada “Igi/ênica”.
Enquanto no embate da vida com a morte, esta continuar ganhando, tais preocupações integram o adestramento da ACM para os anos 2026, 2030, ou 2045, data mencionada por Ray Kurzweil para a chegada dos “cyborgs”, ou homens/máquinas, com inteligência artificial superior à biológica. Sendo a real relevância destas inovações discutida mais acuradamente em inglês, o mesmo seria lá ministrado em cursos livres, compactos e rápidos (“cramcourses”), abordados neste espaço em 14/10/2015 (“Cursos de primavera”).
Neste mesmo periódico aludimos às “Remêmoras, - sessões de reverência aos membros falecidos” – sabiamente introduzidas pelo laborioso ex-presidente Vladimir Távora em 2014 – com segunda edição programada para breve (solicitamos reler “Passado, presente”, O POVO, 28/1/2015). Estas evocações igualmente cumprem vitalíssima função nas academias, pois assim seremos lembrados, realmente imortais.
(*) Professor Emérito da UFC. Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, Opinião, de 16/11/2016. p.10.

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