Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
“O importante nessas
olimpíadas é menos ganhá-las do que tomar parte nelas... o importante na vida
não é o triunfo, mas o combate” - discursava no banquete olímpico de
Londres em 24/08/1908 Pierre de Coubertin (1896–1925), mais conhecido por Barão
de Coubertin, descendente de Fernando III de Castela e, dizem, idealizador dos
modernos jogos olímpicos.
Assistindo
pela televisão esses jovens batendo recordes, ganhando medalhas, sofrendo,
chorando, imagino a situação destes moços e moças quando deixarem a idade de
praticarem suas modalidades esportivas. A última coisa que vão querer fazer é
praticar esportes, pois "perderam" a melhor fase da vida.
Enquanto
isso a forte competitividade, a fama, o consumismo, os narcisismos fazem com
que eles venham a ser mais propícios à aquisição de problemas de saúde. Passam
muitos anos de dedicação, não à saúde, mas aos resultados, tudo isso feito de
uma forma não prazerosa, mas obrigatória, para estar na moda ‘entre os
vencedores olímpicos’ pouco triunfaram na vida. Os esforços prematuros exigidos
pelos treinamentos preparatórios esgotam de tal maneira as energias psíquicas e
físicas que depois elas vêm a faltar no curso da vida.
Independente
da importância dos esportes para a saúde ou para o movimento financeiro,
econômico, político, desemprego, violência e até quanto ao andamento da crise
nacional, enquanto assistia o desnecessário desgaste a que são submetidos os
jovens atletas, ponderei, como simples cidadão: O que se poderá dizer de
ganhar uma medalhinha de prêmio por tanto sacrifício?
Sem
saúde, desaparece todo o prazer de viver. Lembro aos nossos economistas,
políticos, autoridades e assemelhados que a nossa maior riqueza é a juventude.
Somos todos por ela responsáveis. O esporte é um faz de conta de uma guerra. Mais
perto de uma verdadeira guerra é o que está ocorrendo agora, na cuia invertida
de Niemeyer, em Brasília.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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