quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

MEIOS E FIM


Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
O fim justifica os meios”, frase atribuída a Maquiavel, não é uma atitude estratégica, mas uma conduta incorreta que não leva uma sociedade a uma situação de justiça, nem se baseia na essência da democracia. Como disse Norberto Bobbio: "Tradicionalmente, a ética distinguiu os deveres em relação aos outros e os deveres para consigo mesmo. No debate sobre o problema da moral em política aparecem exclusivamente os deveres em relação aos outros". Ademais, a honestidade política, no sentido amplo, não precisa de justificativa de conduta, pois tem por alicerce a disciplina e por objetivo principal a verdadeira justiça. Nos dias atuais existem muitos países ditos democráticos; elegem seus governantes, todavia, não apresentam uma sincera e clara harmonia entre os aspectos éticos e de governabilidade. Esses países são subdesenvolvidos, estão em fase de desenvolvimento ou, até mesmo, podem ser considerados desenvolvidos. Acreditamos que eles fazem parte de um contexto que é a nova versão do colonialismo primitivo e do imperialismo industrial, isto é, da globalização perversa. Não é justo atender exigências monetárias e financeiras significativas, deixando o povo sem esperança, com vários problemas, em função da falsa governabilidade. Os dirigentes de tais países chegam a rejeitar a ética, muitas vezes prometida em campanhas políticas, argumentando a necessidade da governabilidade. Lamentavelmente, alguns governantes não sabem distinguir os dois conceitos. Por sua vez, defendemos que ética e governabilidade caminhem juntas, buscando uma sociedade politicamente aberta, soberana, não corrupta, de economia forte e socialmente justa.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 23/9/2016.
Nota: Na oportunidade, expresso meus votos de pesar à família Gonzaga Mota pelo recente falecimento do seu amado João Turíbio.

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