Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
“O fim justifica os meios”, frase atribuída a Maquiavel, não é uma atitude estratégica,
mas uma conduta incorreta que não leva uma sociedade a uma situação de justiça,
nem se baseia na essência da democracia. Como disse Norberto Bobbio: "Tradicionalmente, a ética distinguiu os deveres em
relação aos outros e os deveres para consigo mesmo. No debate sobre o problema
da moral em política aparecem exclusivamente os deveres em relação aos outros". Ademais, a honestidade política, no
sentido amplo, não precisa de justificativa de conduta, pois tem por alicerce a
disciplina e por objetivo principal a verdadeira justiça. Nos dias atuais
existem muitos países ditos democráticos; elegem seus governantes, todavia, não
apresentam uma sincera e clara harmonia entre os aspectos éticos e de
governabilidade. Esses países são subdesenvolvidos, estão em fase de
desenvolvimento ou, até mesmo, podem ser considerados desenvolvidos.
Acreditamos que eles fazem parte de um contexto que é a nova versão do
colonialismo primitivo e do imperialismo industrial, isto é, da globalização
perversa. Não é justo atender exigências monetárias e financeiras
significativas, deixando o povo sem esperança, com vários problemas, em função
da falsa governabilidade. Os dirigentes de tais países chegam a rejeitar a
ética, muitas vezes prometida em campanhas políticas, argumentando a
necessidade da governabilidade. Lamentavelmente, alguns governantes não sabem
distinguir os dois conceitos. Por sua vez, defendemos que ética e
governabilidade caminhem juntas, buscando uma sociedade politicamente aberta,
soberana, não corrupta, de economia forte e socialmente justa.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 23/9/2016.
Nota: Na
oportunidade, expresso meus votos de pesar à família Gonzaga Mota pelo recente falecimento
do seu amado João Turíbio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário