segunda-feira, 25 de setembro de 2017

UM ALERTA (Depressão e Suicídio entre Médicos Estagiários e Residentes)


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
As organizações nacionais (dos Estados Unidos) deverão abordar a saúde mental dos residentes e bolsistas, propondo estratégias para a educação integral, rastreio e tratamento destas nosologias psíquicas.
Nos primeiros dois meses do ano letivo 2014-2015, ocorreram dois suicídios de jovens médicos residentes, na cidade de Nova York.
Em resposta a essa ocorrência, um estagiário da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale escreveu um artigo de opinião no New York Times, destacando a ligação entre a formação médica e o isolamento, depressão e suicídio, principalmente entre os recém-formados.
Para aqueles que não sabem: suicídio entre os médicos é uma ocorrência comum. Segundo a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio, 300 a 400 médicos cometem suicídio a cada ano, cerca de 1 médico por dia. A formação médica envolve inúmeros fatores de risco para a doença/distúrbios mentais, tais como transição de papéis, diminuição do sono, traumas, mortes, doenças, tragédias e muitos outros acontecimentos inerentes à sua vida profissional.
A “deslocalização” aumenta a sensação de isolamento e falta de apoio, e é fato berrante para esses jovens doutores e doutoras jogadas em ambulatórios onde o diabo perdeu as botas. Um conjunto de testes demonstrou que a residência médica, os estágios, e outras formas de treinamento médico, são de alto risco no que concerne a depressão e pensamentos suicidas.
Muitos programas de treinamento não têm sido capazes de identificar e fornecer tratamento, de forma sistemática, para estes residentes, bolsistas, estagiários.
As organizações nacionais americanas, como o Conselho de Avaliação da Educação Médica Superior (ACGME), tentam, sem muito sucesso, abordar a saúde mental dos residentes e bolsistas, propondo estratégias de educação integral, rastreio e tratamento.
Conferir: Matthew L. Goldman, MD, MS 1; Ravi N. Shah, MD 2; Carol A. Bernstein, MD 3 1 Departamento de Psiquiatria da Columbia University Medical Center, New York, New York 2 Instituto New York State Psychiatric, New York 3 Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York.
O que dizer dos nossos recém-formados desassistidos, jogados em locais isolados, sem orientação, sem apoio, que atendem ao programa Mais Médico para se credenciarem, no ano seguinte ao de sua formatura, a um Novo e Mais Difícil Vestibular, apenas para conseguir talvez (?), maior chance de cursar uma residência médica credenciada, obrigação imposta a eles por quem se arvorou em abrir um novo “enxame” de Escolas Médicas?
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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