Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
As
organizações nacionais (dos Estados Unidos) deverão abordar a saúde mental dos
residentes e bolsistas, propondo estratégias para a educação integral, rastreio
e tratamento destas nosologias psíquicas.
Nos
primeiros dois meses do ano letivo 2014-2015, ocorreram dois suicídios de
jovens médicos residentes, na cidade de Nova York.
Em
resposta a essa ocorrência, um estagiário da Faculdade de Medicina da
Universidade de Yale escreveu um artigo de opinião no New York Times,
destacando a ligação entre a formação médica e o isolamento, depressão e
suicídio, principalmente entre os recém-formados.
Para
aqueles que não sabem: suicídio entre os médicos é uma ocorrência comum.
Segundo a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio, 300 a 400 médicos
cometem suicídio a cada ano, cerca de 1 médico por dia. A formação médica
envolve inúmeros fatores de risco para a doença/distúrbios mentais, tais como
transição de papéis, diminuição do sono, traumas, mortes, doenças, tragédias e
muitos outros acontecimentos inerentes à sua vida profissional.
A
“deslocalização” aumenta a sensação de isolamento e falta de apoio, e é fato
berrante para esses jovens doutores e doutoras jogadas em ambulatórios onde o
diabo perdeu as botas. Um conjunto de testes demonstrou que a residência
médica, os estágios, e outras formas de treinamento médico, são de alto risco
no que concerne a depressão e pensamentos suicidas.
Muitos
programas de treinamento não têm sido capazes de identificar e fornecer
tratamento, de forma sistemática, para estes residentes, bolsistas,
estagiários.
As organizações nacionais
americanas, como o Conselho de Avaliação da Educação Médica Superior (ACGME),
tentam, sem muito sucesso, abordar a saúde mental dos residentes e bolsistas,
propondo estratégias de educação integral, rastreio e tratamento.
Conferir: Matthew L. Goldman, MD, MS 1; Ravi N. Shah,
MD 2; Carol A. Bernstein, MD 3 1 Departamento de
Psiquiatria da Columbia University Medical Center, New York, New York 2
Instituto New York State Psychiatric, New York 3 Departamento de Psiquiatria da
Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York.
O
que dizer dos nossos recém-formados desassistidos, jogados em locais isolados,
sem orientação, sem apoio, que atendem ao programa Mais Médico para se credenciarem,
no ano seguinte ao de sua formatura, a um Novo e Mais Difícil Vestibular,
apenas para conseguir talvez (?), maior chance de cursar uma residência médica
credenciada, obrigação imposta a eles por quem se arvorou em abrir um novo
“enxame” de Escolas Médicas?
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da
Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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