Para que um sistema de emergência
em saúde funcione adequadamente é de fundamental importância que seja de acesso
rápido, eficaz e de custo adequado. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu) é uma das importantes conquistas no atendimento emergencial não apenas
em nossa cidade, mas em todo o País. Tem um benefício enorme de melhorar o
acesso da população à saúde e seu objetivo de chegar precocemente às vítimas em
situação de urgência e emergência não pode ser comprometido.
Infelizmente o tempo de espera do
atendimento em situações críticas é bastante prolongado e, em situações de
risco de vida, tempo é ouro. Não bastassem os infames trotes (cerca de 30% das
ligações, principalmente crianças), a falta de modernização e manutenção
preventiva constata-se ainda a dificuldade com que as ambulâncias têm em chegar
ao local de atendimento pelo trânsito caótico de Fortaleza. Só quem já esteve
dentro de uma ambulância em movimento por nossas ruas irregulares e esburacadas
sabe a dificuldade em se equilibrar, somadas ao estresse da situação e da
ansiedade da família e equipe em chegar à emergência mais próxima, que muitas
vezes já está sobrecarregada.
Protocolos internacionais
recomendam 10 minutos como o tempo máximo de espera entre o momento da
solicitação e a chegada da ambulância. Estamos longe disso. Após a
estabilização inicial da vítima, a ambulância precisa seguir para o hospital
com a maior brevidade possível e, nesse trajeto, vê-se que habitualmente não se
dá espaço para a ambulância, muitas vezes por falta de sensibilidade e indiferença
de muitos motoristas.
Nós brasileiros somos famosos por
sermos um povo que gosta de celebrar e se divertir, muitas vezes em excesso e
de forma rápida e espontânea em questões como futebol e Carnaval. Precisamos
também de maior sensibilidade no trato de questões importantes como a saúde e
cidadania. A população precisa se conscientizar não somente sobre o uso
responsável do 192, mas também abrir alas para as ambulâncias, de forma rápida
e espontânea como na marchinha de Carnaval.
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/4/2018. Opinião. p.24.
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