quinta-feira, 24 de maio de 2018

ABRAM ALAS PARA AS AMBULÂNCIAS

Por Weiber Xavier (*)
Para que um sistema de emergência em saúde funcione adequadamente é de fundamental importância que seja de acesso rápido, eficaz e de custo adequado. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é uma das importantes conquistas no atendimento emergencial não apenas em nossa cidade, mas em todo o País. Tem um benefício enorme de melhorar o acesso da população à saúde e seu objetivo de chegar precocemente às vítimas em situação de urgência e emergência não pode ser comprometido.
Infelizmente o tempo de espera do atendimento em situações críticas é bastante prolongado e, em situações de risco de vida, tempo é ouro. Não bastassem os infames trotes (cerca de 30% das ligações, principalmente crianças), a falta de modernização e manutenção preventiva constata-se ainda a dificuldade com que as ambulâncias têm em chegar ao local de atendimento pelo trânsito caótico de Fortaleza. Só quem já esteve dentro de uma ambulância em movimento por nossas ruas irregulares e esburacadas sabe a dificuldade em se equilibrar, somadas ao estresse da situação e da ansiedade da família e equipe em chegar à emergência mais próxima, que muitas vezes já está sobrecarregada.
Protocolos internacionais recomendam 10 minutos como o tempo máximo de espera entre o momento da solicitação e a chegada da ambulância. Estamos longe disso. Após a estabilização inicial da vítima, a ambulância precisa seguir para o hospital com a maior brevidade possível e, nesse trajeto, vê-se que habitualmente não se dá espaço para a ambulância, muitas vezes por falta de sensibilidade e indiferença de muitos motoristas.
Nós brasileiros somos famosos por sermos um povo que gosta de celebrar e se divertir, muitas vezes em excesso e de forma rápida e espontânea em questões como futebol e Carnaval. Precisamos também de maior sensibilidade no trato de questões importantes como a saúde e cidadania. A população precisa se conscientizar não somente sobre o uso responsável do 192, mas também abrir alas para as ambulâncias, de forma rápida e espontânea como na marchinha de Carnaval.
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/4/2018. Opinião. p.24.

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