Por Elias Leite (*)
A
pandemia da Covid-19 pegou todos de surpresa e trouxe inúmeros desafios, não
somente para a população, que precisou se adaptar aos protocolos sanitários e
ao isolamento social, mas também para os sistemas de saúde público e privado,
que precisaram, em um curto prazo, fazer adequações nas estruturas e contratar
mais profissionais para garantir o atendimento a quem precisava. Tem sido, sem
dúvidas, o momento mais crítico e desafiador que vivenciamos, com muitas
incertezas, mas também muita dedicação para vencermos essa batalha.
Após
quase oito meses de pandemia, já sabemos um pouco mais sobre a doença, porém,
ainda não é hora de baixar a guarda. É preciso manter os cuidados com a
higienização constante das mãos, fazer o uso da máscara sempre que sair de casa
e evitar aglomerações. Os números atuais nos mostram que se nos descuidarmos, a
situação pode ser agravar novamente.
Do
final de outubro para hoje, os índices estão em constante aumento. No Sistema
Unimed, temos percebido um crescimento no número de clientes procurando as
emergências dos hospitais da rede. O número de internações (em leitos abertos e
UTI) também vêm aumentando, ainda que não na mesma proporção. É preciso que a
população tenha consciência que a pandemia não acabou, pois não queremos
vivenciar novamente o cenário que enfrentamos em maio, quando chegamos a ter
582 pacientes internados na rede Unimed no pico da doença.
Não
dá para dizer ainda que estamos enfrentando uma segunda onda, o que podemos e
devemos reforçar é que a luta continua e que precisamos da colaboração de todos
para vencê-la. Afinal, os impactos da pandemia são sentidos por todos.
Para
o sistema de saúde suplementar, em especial, os desafios são muitos. Tivemos
que nos adaptar muito rápido e sabemos que algumas das medidas implantadas no
combate à pandemia vão gerar outras situações a serem enfrentadas. Estamos
atualmente impossibilitados pela ANS de fazer reajustes nos planos, o que tem
sido um fator complicador. Mesmo as cirurgias eletivas tendo sido adiadas,
gerando de imediato uma redução da despesa assistencial, do outro lado da
balança, há o alto custo do tratamento da Covid-19, com o uso de muitos
recursos hospitalares. Custos não previstos pelas operadoras e isso requer
controle e gestão, com flexibilidade e criação de planos de contingência. Além
disso, tem sido percebido um crescimento da inadimplência no setor, em razão da
consequente crise no mercado de trabalho gerada pela pandemia.
É
um futuro ainda incerto e difícil de mensurar. Todavia, sendo mais otimista,
penso que a pandemia trouxe ensinamentos e oportunidades para o setor de saúde.
Acredito que os investimentos se voltarão ainda mais para tecnologia e
inovação. Teremos um aumento do uso de tecnologias digitais, com a
regulamentação do uso da telemedicina, bem como para redução dos desperdícios.
Além disso, acredito que investiremos ainda mais na promoção da saúde e
prevenção de doenças por meio da atenção primária e do acompanhamento médico
contínuo, com uma maior conexão e proximidade na relação entre o profissional e
o paciente.
(*) Presidente da Unimed
Fortaleza.
Fonte:
Publicado In: O Povo, Opinião, de 3/12/20. p.19.
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