Por Tales de Sá Cavalcante (*)
O
ineditismo de 2020 deu-se em várias áreas, e lamentáveis são as inúmeras vidas
perdidas. Vimos médicos de alto nível surpresos com os sintomas e, hoje, graças
à sua competência, vencem a maioria dos confrontos com o vírus.
Outro
ineditismo foi o jornalismo, que, em vez de apenas noticiar, analisar e
criticar, deu-nos grandes lições, como se professor fosse. Um desses exemplos
foi dado por Renata Cafardo, do jornal O Estado de S. Paulo, em 22/11, ao
dizer:
"Já
que as crianças estão indo para a escola, então podemos jantar fora, chamar
amigos em casa, fazer festões. É assim que boa parte das classes média e alta
de São Paulo parece estar raciocinando. Mas o pensamento deveria ser
radicalmente oposto. (…)
A
Europa entendeu isso depois de passar pela primeira onda sem nenhum ensino
presencial. Agora, na segunda, pós-verão de praias e cafés cheios, governos de
França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Escócia passaram a decretar novos
lockdowns.
No
fim de outubro começaram a fechar restaurantes, mandar funcionários de volta ao
home office, restringir encontros sociais a duas famílias. Mas mantiveram as
escolas abertas. O governo de Angela Merkel falou até em usar hotéis e bares,
fechados pela pandemia, como alternativa para ter mais espaço para as
aulas."
A
educação é o mais importante, e a relação do usuário com um evento ou um bar é
distinta da ligação entre aluno e professor. Em outros setores, quase sempre
não se sabe quem é o cliente, nem se este voltará. Na educação, é diferente. Há
uma parceria com a família em prol do educando, o que ocasiona um cuidado
especial, principalmente com a saúde.
O
vínculo é íntimo, anual ou semestral, e estatísticas mostram um contágio
baixíssimo na escola. Disse o médico paulista David Uip ao jornal O Estado de
S. Paulo: "O perigo é a casa contaminar o colégio, e não o
contrário".
Para
a jornalista, "se queremos desenvolver o futuro do nosso país, se
entendemos que a escola é essencial na formação das crianças, no contexto
social em que vivemos, na alimentação das mais pobres, no emocional dos nossos
filhos, precisamos deixá-los ir e continuar nos isolando".
(*) Reitor do FB
UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 11/12/20. p.18.
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