terça-feira, 19 de janeiro de 2021

É EDUCAÇÃO

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

O ineditismo de 2020 deu-se em várias áreas, e lamentáveis são as inúmeras vidas perdidas. Vimos médicos de alto nível surpresos com os sintomas e, hoje, graças à sua competência, vencem a maioria dos confrontos com o vírus.

Outro ineditismo foi o jornalismo, que, em vez de apenas noticiar, analisar e criticar, deu-nos grandes lições, como se professor fosse. Um desses exemplos foi dado por Renata Cafardo, do jornal O Estado de S. Paulo, em 22/11, ao dizer:

"Já que as crianças estão indo para a escola, então podemos jantar fora, chamar amigos em casa, fazer festões. É assim que boa parte das classes média e alta de São Paulo parece estar raciocinando. Mas o pensamento deveria ser radicalmente oposto. (…)

A Europa entendeu isso depois de passar pela primeira onda sem nenhum ensino presencial. Agora, na segunda, pós-verão de praias e cafés cheios, governos de França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Escócia passaram a decretar novos lockdowns.

No fim de outubro começaram a fechar restaurantes, mandar funcionários de volta ao home office, restringir encontros sociais a duas famílias. Mas mantiveram as escolas abertas. O governo de Angela Merkel falou até em usar hotéis e bares, fechados pela pandemia, como alternativa para ter mais espaço para as aulas."

A educação é o mais importante, e a relação do usuário com um evento ou um bar é distinta da ligação entre aluno e professor. Em outros setores, quase sempre não se sabe quem é o cliente, nem se este voltará. Na educação, é diferente. Há uma parceria com a família em prol do educando, o que ocasiona um cuidado especial, principalmente com a saúde.

O vínculo é íntimo, anual ou semestral, e estatísticas mostram um contágio baixíssimo na escola. Disse o médico paulista David Uip ao jornal O Estado de S. Paulo: "O perigo é a casa contaminar o colégio, e não o contrário".

Para a jornalista, "se queremos desenvolver o futuro do nosso país, se entendemos que a escola é essencial na formação das crianças, no contexto social em que vivemos, na alimentação das mais pobres, no emocional dos nossos filhos, precisamos deixá-los ir e continuar nos isolando". 

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 11/12/20. p.18.

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