Por Henrique Soárez (*)
Sabemos
que o processo eleitoral é mais importante que o estado de calamidade pública.
Somente o apagão no Amapá foi capaz de atrasar as eleições. E a população há
tempos decidiu seguir com seu cotidiano. Segundo o Google Mobility as visitas
ao local de trabalho em Fortaleza no início de dezembro eram 9% inferiores ao
nível base do início do ano. O longínquo "fique em casa" agora
incrementa somente 7-8% o tempo na residência. A vida não voltou ao normal, mas
não creio que essas pequenas variações seriam suficientes para conter uma
segunda onda como as que assolam capitais europeias.
Muito
já se aprendeu sobre o vírus. Mas ainda vigora a versão 1.0 dos protocolos de
biossegurança, construída há mais de cinco meses. Cabe uma tomada de
consciência pelas autoridades cearenses: os protocolos atuais foram feitos com
conhecimento incompleto e os entes privados têm interesse em aprimorar,
buscando sua autopreservação antes de tudo. Não é bom tratar cidadãos como
incompetentes ou irresponsáveis. Quem se esforça para cumprir protocolos
aprende e pode sugerir melhorias. Quando não evolui junto com a sociedade, a
legislação cai em descrédito. Precisamos refinar o que vai ficar e revogar o
que não tem valor prático.
Países
economicamente mais desenvolvidos agora buscam formas de manter escolas abertas
durante suas segundas ondas. Nós sequer concluímos a abertura após a primeira
onda. Há alunos cearenses proibidos de frequentar suas salas de aula (mas
liberados para ir ao cinema). Alunos na Europa assistem aulas envoltos em
cobertores para lidar com o ar frio que entra pela janela aberta. Cientistas
americanos monitoram o nível de CO² nas salas de aula como forma de calibrar o
distanciamento seguro. Aqui, a educação privada segue sem interlocução desde o
início de novembro. Sabemos operar escolas com segurança. Desde setembro há
alunos e professores trabalhando presencialmente e não houve um relato sequer
de surto em escola. Na comunidade científica há o consenso que escolas não são
locais de grande propagação do vírus. As escolas merecem liberdade para administrar
a saúde e o aprendizado.
(*) Engenheiro
eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/12/20. Opinião, p.22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário