quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

ONDE ESTÁ A VERSÃO 2.0 DOS PROTOCOLOS?

Por Henrique Soárez (*)

Sabemos que o processo eleitoral é mais importante que o estado de calamidade pública. Somente o apagão no Amapá foi capaz de atrasar as eleições. E a população há tempos decidiu seguir com seu cotidiano. Segundo o Google Mobility as visitas ao local de trabalho em Fortaleza no início de dezembro eram 9% inferiores ao nível base do início do ano. O longínquo "fique em casa" agora incrementa somente 7-8% o tempo na residência. A vida não voltou ao normal, mas não creio que essas pequenas variações seriam suficientes para conter uma segunda onda como as que assolam capitais europeias.

Muito já se aprendeu sobre o vírus. Mas ainda vigora a versão 1.0 dos protocolos de biossegurança, construída há mais de cinco meses. Cabe uma tomada de consciência pelas autoridades cearenses: os protocolos atuais foram feitos com conhecimento incompleto e os entes privados têm interesse em aprimorar, buscando sua autopreservação antes de tudo. Não é bom tratar cidadãos como incompetentes ou irresponsáveis. Quem se esforça para cumprir protocolos aprende e pode sugerir melhorias. Quando não evolui junto com a sociedade, a legislação cai em descrédito. Precisamos refinar o que vai ficar e revogar o que não tem valor prático.

Países economicamente mais desenvolvidos agora buscam formas de manter escolas abertas durante suas segundas ondas. Nós sequer concluímos a abertura após a primeira onda. Há alunos cearenses proibidos de frequentar suas salas de aula (mas liberados para ir ao cinema). Alunos na Europa assistem aulas envoltos em cobertores para lidar com o ar frio que entra pela janela aberta. Cientistas americanos monitoram o nível de CO² nas salas de aula como forma de calibrar o distanciamento seguro. Aqui, a educação privada segue sem interlocução desde o início de novembro. Sabemos operar escolas com segurança. Desde setembro há alunos e professores trabalhando presencialmente e não houve um relato sequer de surto em escola. Na comunidade científica há o consenso que escolas não são locais de grande propagação do vírus. As escolas merecem liberdade para administrar a saúde e o aprendizado.

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/12/20. Opinião, p.22.

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