No final dos anos sessenta, um tenente foi designado para servir no
tradicional Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário,
Os recursos locais eram precários, dispunham-se de apenas um
telefone, na Sala de Estado, com extensão para a sala do Comandante. As praças,
quase todas nativas da região, tinham um nível intelectual um tanto abaixo do
desejável. Isso se refletia no atendimento ao telefone, quase sempre
ocasionando “incidentes” os mais variados, aborrecendo o Comandante.
Disposto a resolver o problema, o tenente selecionou alguns
soldados mais velhos, treinou-os, ressaltando a importância da função de telefonista,
enumerando os problemas já ocorridos. Em seguida, ele mostrou como corrigi-los,
definiu que só eles poderiam manusear o aparelho.
Depois, o jovem tenente elaborou uma escala de serviço confortável
e afixou, bem à frente do telefone, uma cartolina, em que o desenhista do
quartel redigira, com capricho, as instruções claras, precisas e concisas, que
se iniciavam
Quando esse oficial de marinha vai conferir os resultados,
esconde-se em um desvão da escadaria e espera que o telefone toque. O soldado
de plantão, muito ciente de suas novas tarefas, não titubeia. Põe o fone no
ouvido, vê as instruções, fala, alto e bom som, o nome do quartel, e continua:
– Bom dia, boa tarde ou boa noite, conforme
o caso!!!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Meia-volta, volver! Médicos
contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2014. 112p. p.71-72.
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