segunda-feira, 29 de março de 2021

DUAS TESES FILOSÓFICAS

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

René Descartes (1596-1650) nasceu na França e faleceu na Suécia. Considerado o pai da filosofia moderna, destacou-se como o primeiro grande representante do Racionalismo, seguido então por Leibniz. David Hume (1711-1776), nasceu e faleceu na Escócia, foi um dos mais célebres filósofos da Época Moderna, fundador da escola cética ou agnóstica, admirado por muitos amigos, inclusive membros da Igreja. Como Descartes, Hume possuía muitos seguidores, dentre os quais se destacou Locke. Os pensamentos de Descartes e Hume deram origem a duas correntes filosóficas, respectivamente: o Racionalismo e o Empirismo. A primeira diz que a razão é a fonte do conhecimento, a segunda mostra a importância dos sentimentos: audição, visão, olfato, tato e paladar. Kant iniciou suas observações filosóficas tentando conciliar as duas correntes, causando muita tensão, o que levou Hegel a conceber com profundidade o seu sistema dialético, desenvolvido por tese, antítese e síntese. A filosofia cartesiana tem por base dois pontos opostos: a coisa pensante (res cogitans), relacionada com o espírito, e a coisa extensa (res extensa) inerente à matéria. Espírito e a matéria seriam criações de Deus, cuja existência era essencial à filosofia de Descartes, embora seus seguidores, em épocas posteriores, procuraram omitir qualquer referência a Deus, porém mantendo a divisão entre o espírito e a matéria. Por sua vez, as relações matemáticas, segundo a teoria cartesiana, deveriam proporcionar uma descrição racional de todos os fenômenos naturais, objetivando descobrir a verdade. Defendeu que o início seria a dúvida e não a fé. Por outro lado, vale ressaltar que o argumento “Penso, logo existo” não foi original, pois fora dito, em outras palavras, por Santo Agostinho há mais de doze séculos. Já Hume desenvolveu suas teses tendo por base o Empirismo. No tocante à lógica, analisou a relação de causa e efeito, o que nos leva além de nossos sentidos. Todavia, Hume nega que não há conexão entre o que existe e o que não existe. Ademais, não obstante suas concepções céticas e agnósticas, a existência de Deus seria provada, mediante o argumento da causalidade.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 12/3/2021.

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