Besteira
muito grande demais da conta! Guâ!
O
bicho de urêa mais exagerado ("disagerado") do mundo: o cearense.
Cabeça de nós todos - quengo que é um setenta, aloprado de A a Z, a bolacha do
joelho é ver uma bacia, dessas que galego vende na rua. E multiplique por 10 e
eleve à quinta potência, depois ao quadrado. Cearense, no tocante a aumentar as
coisas, é o que a moçada chama de "top das galáxias", só que no
estilo cão chupando manga ou comendo mariola, superdimensionando tudo que vê e
fala. E sente e cheira.
Cearense
gosta de "omentar", pois. Deve ter surgido por essas plagas a lorota
de que "quem conta um conto aumenta um ponto". A negada aumenta e é
com gosto de gás. Se o mancebo (amasso) é grande demais entre o casalzinho, os
dois estão "ajojados", agarrados à moda soinho na resina. Se é
chegado a uma fulerage, só aprende o que não presta. Se vive se abrindo,
"acha grossa, né?" Se não vale um cibasol, "aquilo é uma
pustema!"
Superlativamente
fuleiro
Pro
cearense, é tudo grande demais, que nem presta, um absurdo de coisa imensa, do
papôco, altamente traquejado. Pois aqui é pra ver as bandas, do caneco rodar,
de arrancar o chaboque e se pebar, de arrombar mêi mundo. Se é inteligente, é
caba desenrolado, tarimbado, só o pó da macaúba. Se é pequeno, é só um cotoco
de gente (mêi pão, escada de tirar maxixe, torado no grosso) - da falange de
Zaqueu.
Se
é do bom e chega cedo, é homem que Deus guarda; se é falante, fala mais que o
homem da cobra. Se é corno contumaz, diz-se que tem chifre até nos pés, à moda
galo. Se é esnobe, é pabo feito a peste, um "estropício" pra mais de
milisseiscentos diabos! Se almoça e janta igualmente um esmeril da França,
"come aos brubitão" (em "vadiação pesada"). Se é muito do
sem futuro, "caba mais besta esse!". Com muito medo, "tá com o
carretel que não cabe um côco".
Exagerado
todo, pros caba aqui de nós algo muito grande é feia lapa medonha, que nem
tampa de rural. Se tem mais de três panos de bunda (calças), tem um mundaréu de
roupa; se muito sabido, é "mitido a esperto"; se sabe se virar na
vida é cavadozim que é uma beleza. Se alguém o vê rindo à toa, o outro chega
frescando e quebra o serviço, dizendo: "Se abra não!" Se é de má
qualidade, é "muito do tabaca". Se é o que há de melhor em matéria de
coisa e tal, é de "cagar e ver a ruma".
Em risco dum
ataque cardíaco de fome!
A
propósito, o poeta dos Cachorros Jair Moraes exemplifica essas exagerações em
recado de áudio no zap que transcrevo com alguma dificuldade. Só pra
contextualizar: toda madrugada, algum sem futuro deixa na calçada da casa dele,
ao ar livre, um despacho malcheiroso. Não vale botar placa com "pedido de
colega, facissonão!" Taí ele feito siri numa "latra", impotente
diante "do fela da tampa".
Fonte: O POVO, de 18/09/2020. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.
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