sábado, 17 de abril de 2021

PAIXÃO DE CRISTO E PANDEMIA

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

A Semana Santa de 2021 acontece de novo em tempos de isolamento social e novamente é marcada pelo sofrimento e pela morte da humanidade flagelada pela pandemia da Covid 19.

Estávamos habituados a viver a Semana Santa como meros espectadores que acompanham, à distância, os ritos da igreja, ou só acompanham pelos noticiários.

Este ano, sentimos na pele, a perda de familiares e amigos o aguilhão do sofrimento e de uma morte ameaçadora, que em qualquer momento pode estar presente em nossas vidas.

A paixão de 2021 não só pode nos aproximar do drama do Calvário que aconteceu há mais de 2 mil anos, como também nos aproximar de nossos irmãos e nos fazer refletir sobre o destino da humanidade, no que diz respeito ao conceito de fraternidade universal.

O mal que sofremos atinge a todos igualmente, sem distinção de raça ou posição social, iguais a ricos e pobres, aos do Norte e aos do Sul e isto deve ser compreendido como um apelo na chave da solidariedade universal, porque ou somos todos salvos juntos ou juntos morreremos.

Nada une mais do que a dor compartilhada ou o sofrimento coletivo, nada aproxima mais a humanidade do que carregar a cruz que está no monte do Gólgota, onde Cristo nos espera a todos de braços aberto, mas também pela íntima satisfação de que vamos ter o Nazareno mais perto que nunca de nós, sentindo o seu sopro e a pulsação de seu coração dilacerado.

O coronavírus veio nos acordar do sono da autossuficiência, nos fez ver que a tragédia, a dor e a morte fazem parte da vida e, queiramos ou não, temos que conviver com elas.

Mais que murmurar, precisamos extrair as oportunas consequências para nosso próprio benefício e de toda a humanidade, porque nada do que acontece é destituído de sentido e pode ser transformado em fonte de graça. Deus sempre tira de uma situação de cruz, uma experiência de Luz.

A última palavra de Deus para nós é sempre vida, nunca morte, esperança, nunca derrotismo. Após essa pandemia não seremos os mesmos. É preciso um esforço individual e coletivo para pôr fim a esse mal. 

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 10/4/2021. Opinião. p.14.


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