Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
(*)
A Semana Santa de 2021 acontece de novo em tempos de isolamento
social e novamente é marcada pelo sofrimento e pela morte da humanidade
flagelada pela pandemia da Covid 19.
Estávamos habituados a viver a Semana Santa como meros espectadores
que acompanham, à distância, os ritos da igreja, ou só acompanham pelos
noticiários.
Este ano, sentimos na pele, a perda de familiares e amigos o aguilhão do
sofrimento e de uma morte ameaçadora, que em qualquer momento pode estar
presente em nossas vidas.
A paixão de 2021 não só pode nos aproximar do drama
do Calvário que aconteceu há mais de 2 mil anos, como também nos
aproximar de nossos irmãos e nos fazer refletir sobre o destino da humanidade,
no que diz respeito ao conceito de fraternidade universal.
O mal que sofremos atinge a todos igualmente, sem distinção de raça ou
posição social, iguais a ricos e pobres, aos do Norte e aos do Sul e isto deve
ser compreendido como um apelo na chave da solidariedade universal,
porque ou somos todos salvos juntos ou juntos morreremos.
Nada une mais do que a dor compartilhada ou o sofrimento coletivo, nada
aproxima mais a humanidade do que carregar a cruz que está no monte do Gólgota,
onde Cristo nos espera a todos de braços aberto, mas também pela íntima
satisfação de que vamos ter o Nazareno mais perto que nunca de nós, sentindo o
seu sopro e a pulsação de seu coração dilacerado.
O coronavírus veio nos acordar do sono da autossuficiência, nos
fez ver que a tragédia, a dor e a morte fazem parte da vida e, queiramos ou
não, temos que conviver com elas.
Mais que murmurar, precisamos extrair as oportunas consequências para
nosso próprio benefício e de toda a humanidade, porque nada do que acontece é
destituído de sentido e pode ser transformado em fonte de graça. Deus sempre
tira de uma situação de cruz, uma experiência de Luz.
A última palavra de Deus para nós é sempre vida, nunca morte, esperança,
nunca derrotismo. Após essa pandemia não seremos os mesmos. É preciso um
esforço individual e coletivo para pôr fim a esse mal.
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em
Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.
Fonte: O Povo, de 10/4/2021.
Opinião. p.14.
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