Era só uma "fininha"
Eleições
em Bacurinópoles. Tribunal divulgou o resultado das urnas. Mané de Pedão de
Isaurinha da Bodega de Zé do Gás, candidato de oposição, venceu o pleito
disputadíssimo, com direito a muita mão de tabefe no fucim. Está eleito
prefeito. Venceu o atual mandatário municipal, Bibiu, por 41 votos de
diferença. Os números finais da apuração:
-
Mané de Pedão (P-Não-Sei-Quê): 2.041 votos;
-
Bibiu (P-Coisa-e-Tal): exatos 2.000 votos.
Chamou
a atenção do povo, não os 2.000 votos fechados de Bibiu, mas a diferença de
escrutínios entre ambos: 41. Analistas não veem outro senão este motivo: o
candidato situacionista desdenhou da praga de mucuim da crôa amarela na cidade,
responsável que foi o bicho por 41 bacurinopolitanos baterem a biela. Onde a
invocação de Bibiu? Eram todos, os 41, eleitores dele, da linha de frente de
sua campanha - conforme constava da planilha, com a seguinte anotação:
"Não usavam sabugo protetor, não limpavam o fiofó com creolina a
99%..."
Em
tempo: a "mordida" do mucuim citado (ácaro da família Trombiculidae)
tinha poder obrativo tão letal, quiçá uma mutação no ferrão esquerdo, que
levava o cristão a evacuar até se arrombar, levando o paciente a desidratar-se
defecativamente às rumas. Resultado: superlotação de banheiros. Latrinas de
campanha improvisadas. E fulano? "Deu positivo pra fininha!"
-
E caga, doutor, e caga!!! - Era só o que se ouvia da negada.
Mais
preocupado em conter o pânico das pessoas diante da crise de caráter
positivamente sanitário, Bibiu desaconselhou o abençoado e salvador chá de
boldo do Curu e tratou de distribuir o kit disenteria (rolha e chá de goma),
ainda sem comprovação científica. Para ele, era só uma "fininha", com
os sintomas clássicos que um dia lascou gregos e troianos. O acentuado e intermitente
processo dispensativo da gente local chegou ao conhecimento do Papa, mas, era
tarde demais.
41
p-coisa-e-talistas esticaram as canelas em decorrência da praga (mordida) do
mucuim da crôa amarela, permitindo vencesse o pleito o bisonho Mané de Pedão de
Isaurinha da Bodega de Zé do Gás. Ao tomar conhecimento da diferença de votos,
Bibiu chama seu marqueteiro às conversas e dá-lhe um rela:
-
Por que tu não deu chá de boldo pra eles, Abel?
-
O senhor disse que era só uma fininha, e como acabou o chá de goma e a rolha,
eu empurrei sabugo neles!!!
Amargurada alma do povo
O
velho Paraíba me manda mais essa: "Meu interior, São Gonçalo, era pra
estar no Guiness Book. Lá, até um tempo atrás, não tinha um corno. Mas um dia,
num acampamento próximo da sede, o presidente Getúlio Vargas foi fazer uma
visita por lá. O avião dele deu um rasante tão medonho, pro presidente ver o
perímetro irrigado, que o barulho foi ensurdecedor. Todos achavam que era o fim
do mundo. E ligeiro soubemos da existência, ali, de muitos cornos.
Primeiro
foi Maria de Severo a descobrir seus podres. Achando que o mundo se acabava com
aquele barulhão, falou: "Severo, meu marido, me perdoe! Eu traí você com o
compadre Zé Avelino". Severo, chorando, retrucou: "Maria, me desculpe
também, ainda ontem eu frequentei Ana de Casimiro".
Zé
Sozinho, aos prantos, desembuchou pra esposa: "Genésia, me perdoe, semana
passada eu dei uns passeios no açude com a criatura do Expedito". Genésia
não se fez de rogada: "Por coincidência, Expedito, eu estava aqui em casa
na hora que tu tava lá, e ele me deu um grau"... E o mundo nem se
acabou".
Fonte: O POVO, de 4/3/2021. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.
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