Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
Vivemos
experiências diferentes e inimagináveis nos últimos tempos. E, diante do que
temos vivido, para que esse tempo de crise e sofrimento causado
pelo coronavírus alcance um sentido, precisamos ter os mesmos sentimentos
do Coração de Jesus.
A devoção ao
Sagrado Coração de Jesus nos ajuda a experimentar o amor de Deus e
depois testemunhá-lo.
O amor leva
nosso coração a bater no mesmo ritmo, pulsar na mesma frequência
do Sagrado Coração. Não sei se é uma linguagem poética ou se tem algum
fundo científico, mas ouvi dizer que quando nos aproximamos de alguém que
amamos e esse amor é recíproco, o coração dispara para depois acalmar-se e
ambos batem na mesma frequência.
Como disse, não
sei se é uma linguagem poética, mas não foi por acaso que quando Maria chegou
à casa de Isabel, a criança pulou de alegria no seu ventre (Lc 1,44).
Também quando
o discípulo amado reclinou sua cabeça no peito do Mestre, seu coração
pulsou na mesma frequência que o Dele (cf. 13,23).
Então, quando
chegarmos à presença de Jesus, deixemos nosso coração acelerar de alegria e
quando acalmar, pulsar no mesmo ritmo do coração de Jesus.
Esta é a
espiritualidade de quem quer viver a jaculatória lindíssima: “Jesus
manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”.
Espiritualidade
que nos leva a encontrar o verdadeiro sentido de ser, que significa permanecer
afastado das perversões e das impurezas.
Para ter o
coração como o de Jesus, não podemos permitir que a semente do mal, do
joio, cresça e tome conta da nossa vontade.
Temos que
erradicar, tirar, cortar o mal pela raiz. Se queremos ter o coração semelhante
ao de Jesus, não podemos ter as mãos sujas pelas negociatas, sujas por
tocar onde não devia, suja porque fomos coniventes com as injustiças, sujas
porque cruzamos os braços quando alguém precisou.
Mãos sujas
porque faltamos com o respeito, pelo desacato, pela omissão.
Para termos
devoção ao Sagrado Coração de Jesus, precisamos de um coração limpo,
purificado, santificado.
Se quisermos
que nosso coração pulse no mesmo ritmo que o de Jesus, tenhamos os
mesmos sentimentos que Ele e configuremos nosso coração ao Dele.
O conhecimento
de Jesus nos levará aos mesmos sentimentos, à mesma atitude, ao
mesmo posicionamento Dele.
Olhar,
contemplar, aprofundar Jesus é olhar, contemplar e aprofundar o amor de um Deus
encarnado, que se tornou visível. Um Deus que na cruz transbordou
a Redenção.
Nós temos que
conhecê-Lo de tal forma que flua, brote, emane esse conhecimento e
nos leve a uma experiência visceral.
Didaticamente,
separamos conhecimento e experiência, embora isso não seja bom, pois um puxa o
outro. A experiência talvez preceda o conhecimento, porque é ela que
move e leva ao conhecimento.
Porém, Santo
Agostinho disse que “o conhecimento leva a Deus”. Então, nos cabe uma pergunta:
Qual o nível de profundidade de nossa experiência com Deus?
Temos que nos
perguntar isso, porque o que nos leva à experiência e ao conhecimento é a
Palavra de Deus “mastigada”, “ruminada” e tão internalizada a ponto de não
sabermos se é nosso conceito ou conceito de Deus, como viveu São Paulo:
“Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl
2,20a).
É essa a
dinâmica do Coração transbordante de Jesus. “Olharão para aquele que
transpassaram”, deixemo-nos atrair por esse Coração que é misericórdia,
amor, perdão e doação.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 19/6/2021. Opinião. p.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário