Por Lígía Kerr (*)
A vacinação contra a Covid-19 está
crescendo no país, embora muito aquém do que vimos há 11 anos quando o país,
único no mundo, vacinou 88 milhões de brasileiros em 3 meses contra o H1N1.
Após 6 meses do início da vacinação, temos
cerca de 18% de brasileiros completamente vacinados. Não faltaram obstáculos
impostos pelo governo federal na aquisição das vacinas.
Apesar dos percalços, resultados positivos podem ser
vistos através da queda de casos e óbitos na maioria dos estados
brasileiros, em especial no Ceará.
Estes resultados, provavelmente, são frutos tanto da
vacinação, como também de medidas de distanciamento, uso de
máscaras e fechamentos parciais ou quase totais em diferentes momentos da
economia.
Entretanto, tudo indica que ainda não
vencemos a pandemia. Temos que olhar o que está acontecendo no mundo,
pois, sem dúvidas, pode afetar o Brasil.
Algumas experiências apontam para o que pode
acontecer no futuro próximo. Os EUA, por exemplo, têm doses suficientes
para vacinar mais de 2 vezes sua população e não conseguem passar dos cerca de
50% vacinados.
Fake News sobre as vacinas, atingindo
especialmente apoiadores do ex-presidente Trump, e a desigualdade social, maior
entre negros e latinos, praticamente paralisaram o avanço da vacinação neste
país.
O governo liberou precocemente o uso de máscaras
dentro e fora dos ambientes. Os casos de Covid-19 cresceram 70% em uma semana,
as internações 36% e os óbitos 26%.
Mais de 50% dos casos são pela variante Delta.
Este crescimento também foi ocorreu em outros países que abriram totalmente a
economia e abandonaram o uso de máscaras, como Israel e Holanda.
Os aumentos predominam entre os não vacinados. Mas
vacina não é um escudo com 100% de proteção e previnem melhor a
internação grave e o óbito.
Com a variante Delta as vacinas têm reduzido a
proteção contra a infecção pelo SARS-CoV-2. Assim, mesmo um indivíduo vacinado
pode ter uma doença leve, mas estará transmitindo para outros.
Estamos atrasados. Pouco mais de 1% da população
de países pobres está vacinada. O enfrentamento da Covid-19 requer
ação conjunta e coordenada entre os países.
Enquanto houver países com explosões de casos, novas
variantes podem ser gestadas e produzir um vírus que vença totalmente a
proteção natural de quem já teve a infecção, ou a adquirida pela vacina.
A hora é de cuidado e de máscaras...
sempre!
(*) Médica epidemiologista e
professora da UFC.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/8/2021. Opinião. p.23.
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