quarta-feira, 22 de setembro de 2021

O OFÍCIO DA PESQUISA

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Em tempos de sequestro do pensamento, assegurar a produção sustentável do conhecimento é tarefa imprescindível. O Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, criado em 1995, registra a vitalidade do coletivo nacional de pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior, em sua maioria universidades públicas.

Nosso grupo de pesquisa Política Educacional, Gestão e Aprendizagem (GPPEGA), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), é um dos integrantes dessa grande árvore do saber. Celebrando seus 26 anos de trajetória, acaba de publicar uma trilogia de livros que compõem a coleção Política Educacional no Ceará, disponível para download na Biblioteca Virtual da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE) pelo link https://seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/index.html.

Se na seara da terra, há "tempo de plantar" e "tempo de colher" (Eclesiastes, 3:1-8), em pesquisa semeadura e colheita podem ser simultâneas. Estamos sempre preparando o solo, semeando, adubando, podando e colhendo. Se um doutorando conclui seu processo de formação, há um bolsista de iniciação científica começando. Quando uma pesquisa termina, há outra em planejamento. Este eterno recomeçar é parte da fascinante lógica da produção científica coletiva.

Em pesquisa não há improvisos. Tudo é fruto de trabalho pensado, organizado e desenvolvido passo a passo. É uma atividade, ao mesmo tempo, simples e complexa. Dito em poucas palavras, é um processo que envolve pensar, planejar, observar, registrar, organizar, analisar, relatar e disseminar. Conjugar esses verbos de forma articulada é empreitada que requer paciência, constância, clareza de propósitos e vontade política de compartilhar saber e experiência.

É certo que no percurso de construção do conhecimento, por vezes, damos voltas. Retrocedemos e voltamos ao ponto de partida. Vislumbramos novas paisagens, sendo surpreendidos pela necessidade de ver melhor, ir mais longe e continuar pesquisando. Na caminhada, os segredos da realidade a desocultar são desvendados. Este é o desafio da ciência e o ofício do pesquisador. 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/07/21. Opinião, p.18.

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