segunda-feira, 4 de outubro de 2021

MARKETING NO SERVIÇO PÚBLICO, UMA NECESSIDADE!

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Lecionando a disciplina de Marketing há mais de 33 anos, estou convencido de que o serviço público muito terá a ganhar com a sua adoção. Nós, cidadãos, ainda mais.

Primeiramente é importante desmistificar esta filosofia, arte e ciência, muitas vezes confundida com suas ferramentas, em especial a propaganda (normalmente enganosa) e a venda (muitas vezes forçada). É comum lermos ou ouvirmos "o Marketing da empresa x..." ao se referir a uma promoção, por exemplo.

Considerando os três pilares em que se assenta o Marketing e os ensinamentos de diversos formuladores, em especial Philip Kotler, constatamos que os seus praticantes somente têm a ganhar.

O primeiro pilar compreende o conhecimento dos verdadeiros desejos e necessidades do cliente/cidadão. O segundo, o atingimento dos objetivos da empresa/governo a partir da satisfação do primeiro pilar. O terceiro, o respeito ao bem-estar da sociedade, este obviamente deve ser natural ao serviço público.

Trazido para o âmbito dos governos, o planejamento deve fugir dos padrões tradicionais e buscar ouvir, de fato e in loco as comunidades, verdadeiras detentoras do conhecimento e da prioridade dos seus problemas e das formas de solução mais adequadas.

A partir deste levantamento, deve-se construir projetos bem elaborados e participativos, para aprimorar os benefícios esperados e facilitar a aprovação legislativa, quando for o caso, por se referir a anseios vindos da própria sociedade.

Na elaboração dos projetos, deve-se definir os fundamentos da prestação de contas, aprimorando também essa importante ferramenta de interação com a sociedade, que é a financiadora de todas as ações governamentais e deve então estar sempre bem informada.

É óbvio que não é tarefa fácil convencer a quem enxerga Marketing apenas como venda com retorno financeiro. Não é isto que ensina a teoria. Marketing "vende" também ideias e ideais e, portanto, bem empregado resultará em ganhos para o governo, por melhor cumprir seus compromissos, e para a comunidade por se ver, enfim, contemplada na solução compartilhada de seus problemas.

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/08/21. Opinião, p.22.

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