Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
Lecionando a disciplina de Marketing há mais de 33 anos, estou
convencido de que o serviço público muito terá a ganhar com a sua adoção. Nós,
cidadãos, ainda mais.
Primeiramente é importante desmistificar esta
filosofia, arte e ciência, muitas vezes confundida com suas ferramentas, em
especial a propaganda (normalmente enganosa) e a venda (muitas vezes forçada). É comum
lermos ou ouvirmos "o Marketing da empresa x..." ao se referir a uma
promoção, por exemplo.
Considerando os três pilares em que se assenta o
Marketing e os ensinamentos de diversos formuladores, em especial Philip Kotler, constatamos que os seus
praticantes somente têm a ganhar.
O primeiro pilar compreende o conhecimento dos
verdadeiros desejos e necessidades do cliente/cidadão. O segundo, o atingimento
dos objetivos da empresa/governo a partir da satisfação do primeiro pilar. O
terceiro, o respeito ao bem-estar da sociedade, este obviamente deve ser natural
ao serviço
público.
Trazido para o âmbito dos governos, o planejamento deve fugir dos padrões
tradicionais e buscar ouvir, de fato e in loco as comunidades, verdadeiras
detentoras do conhecimento e da prioridade dos seus problemas e das formas de
solução mais adequadas.
A partir deste levantamento, deve-se construir
projetos bem elaborados e participativos, para aprimorar os benefícios
esperados e facilitar a aprovação legislativa, quando for o caso, por se referir a anseios vindos
da própria sociedade.
Na elaboração dos projetos, deve-se definir os
fundamentos da prestação de contas, aprimorando também essa importante ferramenta de
interação com a sociedade, que é a financiadora de todas as ações
governamentais e deve então estar sempre bem informada.
É óbvio que não é tarefa fácil convencer a quem
enxerga Marketing apenas como venda com retorno financeiro. Não é isto que ensina a teoria.
Marketing "vende" também ideias e ideais e, portanto, bem empregado
resultará em ganhos para o governo, por melhor cumprir seus compromissos, e
para a comunidade por se ver, enfim, contemplada na solução compartilhada de
seus problemas.
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/08/21. Opinião, p.22.
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