quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A JUVENTUDE E A PÓS-MODERNIDADE

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

A pós-modernidade desafia a Igreja a fazer compreensível a mensagem de Jesus aos jovens. Como atualizar sua mensagem? Primeiro, conhecer a realidade deles. O jovem está inserido numa época de novas denominações: influenciadores, redes sociais, seguidores, entre outras.

Geração denominada "nativos digitais", "millennial" ou geração Y, que possui controle da informação, utilizam linguagem própria, interagem em diferentes redes sociais. Mergulhados no ciberespaço com milhares de 'amigos', são solitários.

Nunca tivemos uma geração tão abastada e tão solitária, ansiosa, cheia de medos, complexos, desamparo e incompletude. Possuem milhares de "conhecidos virtuais", mas não dialogam com os que estão perto. O excesso de uso das mídias digitais tem aumentado a infelicidade.

Alguns se deprimem porque acompanham vidas perfeitas e querem uma igual, contudo o que vemos é apenas um recorte. Nunca tivemos uma geração tão depressiva.

Na minha vivência com famílias, no ambiente escolar e na igreja é fácil constatar isso. Existe esperança de transformação desse cenário.

Acreditamos na construção de pressupostos que podem servir de suporte para a transformação da vida das próximas gerações.

O que posso fazer para que os jovens tenham dias felizes e saudáveis numa sociedade que cresce doente? Numa perspectiva inaciana o enfoque está na construção do projeto de felicidade, que dá sentido à própria vida, educando no autoconhecimento, no saber e competências relacionais.

Uma orientação holística, que engloba corpo, pensamento, sentimentos e movimentos interiores. A interioridade não se reduz ao intimismo, mas também a relação com o outro, despertando solidariedade e partilha. Jovem que desenvolve sua liberdade para viver e decidir com responsabilidade.

Disposto a superar-se, a perder, ganhar, desenvolver habilidades intelectuais, emocionais e sociais a serviço dos outros.

Reconhece o outro em sua dignidade. Comprometido com a transformação da humanidade e com o cuidado da "casa comum". Quando estas atitudes interagem, formamos para a felicidade e atualizamos a mensagem de Deus. 

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 25/9/2021. Opinião. p.16.

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