segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A PANDEMIA ATUAL: novos esforços para vencê-la

Por Lígía Kerr (*)

As vacinas contra a Covid-19 salvam vidas evitando a hospitalização e a morte, apesar das novas variantes terem reduzido a efetividade. Por isto, muitos países têm exigido o passaporte da vacina. Ele demonstra responsabilidade cívica dos cidadãos e têm produzido um aumento da busca pelas vacinas.

Estima-se que pelo menos 166 mil hospitalizações e 76 mil óbitos por Covid-19 foram evitados com apenas a vacinação daqueles com 60 anos ou mais. Se a vacinação tivesse ocorrido 2 meses antes, 260 mil hospitalizações e 116 mil óbitos poderiam ter sido evitados nesta mesma faixa etária.

A expansão da Delta e da Ômicron, a flexibilização das medidas de isolamento e a volta às aulas fizeram das crianças e adolescentes um grupo cujas mortes por Covid-19 de janeiro a setembro de 2021 já ultrapassavam aquelas ocorridas em 2020 pela mesma causa. Na Europa, a faixa entre 5 e 14 anos é a mais afetada pela nova onda de Covid-19, apesar do menor risco. No Brasil, nenhuma doença imunoprevenível causou tantos óbitos nesta faixa etária como a Covid-19, em 2021.

Enquanto isto, o mundo tem assistido pasmo a desigualdade resultante na vacinação contra a Covid-19. Enquanto países ricos compraram estoques capazes da vacinar várias vezes sua população, países pobres não vacinaram sequer 10% de sua população.

Os perigos de não vacinar as populações de todos os países é que as variantes têm sido gestadas nestes ambientes de explosões de casos, onde o coronavírus produz mutações. Foi assim que apareceram as diferentes variantes recentemente identificadas: a Delta, a Gama e a Ômicron, já identificada em quase todos os países. Em pouco menos de um mês, a Delta está sendo substituída pela Ômicron no Reino Unido, representando 40% das novas infecções.

Diante deste quadro, precisamos, primeiro, da solidariedade entre os povos, onde cada um compreenda que não venceremos a pandemia sem cuidar do outro. Segundo continuar o uso rigoroso das medidas usadas no primeiro ano da pandemia: máscaras seguras, distanciamento e não aglomeração e medidas de etiqueta de higiene. Terceiro, ampliar a vacinação em todos os países, das crianças aos idosos. Quarto, implantar no Brasil a exigência do passaporte em todos os locais públicos, apesar, mais uma vez, da resistência do presidente do país, o que não nos intimida mais. 

(*) Médica epidemiologista e professora da UFC. Vice-presidente da Abrasco.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/12/2021. Opinião. p.22.

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