Por Lígía Kerr (*)
As vacinas contra a Covid-19 salvam vidas
evitando a hospitalização e a morte, apesar das novas variantes terem reduzido
a efetividade. Por isto, muitos países têm exigido o passaporte da vacina. Ele
demonstra responsabilidade cívica dos cidadãos e têm produzido um aumento da
busca pelas vacinas.
Estima-se que pelo menos 166 mil hospitalizações e
76 mil óbitos por Covid-19 foram evitados com apenas a
vacinação daqueles com 60 anos ou mais. Se a vacinação tivesse ocorrido 2
meses antes, 260 mil hospitalizações e 116 mil óbitos poderiam ter sido
evitados nesta mesma faixa etária.
A expansão da Delta e da Ômicron, a
flexibilização das medidas de isolamento e a volta às aulas fizeram das
crianças e adolescentes um grupo cujas mortes por Covid-19 de janeiro a
setembro de 2021 já ultrapassavam aquelas ocorridas em 2020 pela mesma causa.
Na Europa, a faixa entre 5 e 14 anos é a mais afetada pela nova onda de
Covid-19, apesar do menor risco. No Brasil, nenhuma doença imunoprevenível
causou tantos óbitos nesta faixa etária como a Covid-19, em 2021.
Enquanto isto, o mundo tem assistido pasmo a
desigualdade resultante na vacinação contra a Covid-19. Enquanto países
ricos compraram estoques capazes da vacinar várias vezes sua população, países
pobres não vacinaram sequer 10% de sua população.
Os perigos de não vacinar as populações de todos os
países é que as variantes têm sido gestadas nestes ambientes de
explosões de casos, onde o coronavírus produz mutações. Foi assim que
apareceram as diferentes variantes recentemente identificadas: a Delta, a Gama
e a Ômicron, já identificada em quase todos os países. Em pouco menos de um
mês, a Delta está sendo substituída pela Ômicron no Reino Unido, representando
40% das novas infecções.
Diante deste quadro, precisamos, primeiro, da
solidariedade entre os povos, onde cada um compreenda que não venceremos a
pandemia sem cuidar do outro. Segundo continuar o uso rigoroso das medidas
usadas no primeiro ano da pandemia: máscaras seguras, distanciamento e não
aglomeração e medidas de etiqueta de higiene. Terceiro, ampliar a vacinação em
todos os países, das crianças aos idosos. Quarto, implantar no Brasil a
exigência do passaporte em todos os locais públicos, apesar, mais uma vez, da
resistência do presidente do país, o que não nos intimida mais.
(*) Médica epidemiologista e
professora da UFC. Vice-presidente da Abrasco.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/12/2021. Opinião. p.22.
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