Por Lauro Chaves Neto (*)
O ESG (ambiental, social e governança, na
sigla em inglês) segue firme e forte na sua crescente mobilização de adeptos.
Algumas práticas são rotuladas de ESG, mas, na realidade, não conseguem agregar
valor ao negócio e tendem a ser abandonadas ao longo do tempo; já outras
possuem um viés ainda mais danoso, ao divulgarem ações que não possuem conexão
com a realidade.
Uma empresa que tentasse mostrar, através de
propaganda, que faz mais pelo meio ambiente do que aquilo que realmente
executa, estaria utilizando-se de uma propaganda enganosa, porém o
vocabulário corporativo prefere usar o termo "greenwashing", nesses
casos. Já quando são "falsas" informações sobre iniciativas sociais é
comum se usar o termo "socialwashing". Vale reforçar que ESG não é um
produto ou serviço que a empresa compra de um fornecedor, é uma mudança
na cultura organizacional, uma verdadeira transformação no mindset.
Um dos erros que mais se repete no mundo
corporativo é divulgar iniciativas sustentáveis que foram planejadas e
ainda não colocadas em práticas, ao invés de focar a propaganda nos resultados
efetivos de iniciativas exitosas.
O impacto do greenwashing ou do socialwashing
extrapola a reputação da organização que o praticou, a ação desvirtua a própria
natureza das ações sustentáveis e tende a contaminar a confiança da
sociedade em ações ESG. As boas práticas devem continuamente ser
validadas, é recomendável que os especialistas em ESG participem da concepção e
da aprovação das campanhas, reduzindo o risco de alguma distorção.
Há três ou cinco anos, poucos conheciam algo sobre
ESG, o tema avançou nas pautas empresariais e governamentais, embora que de
forma ainda superficial. Para o bem ou para o mal, as organizações passaram a
se denominar verdes, sustentáveis e com o propósito em questões sociais. O que
abriu a oportunidade para o greenwashing e o socialwashing.
Vincular as questões ambientais, sociais e de
governança à cadeia de valor da organização é uma estratégia de negócios que
irá contribuir para a sustentabilidade da empresa, exatamente
o contrário dos resultados do greenwashing e do socialwashing.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 10/01/22. Opinião. p.14.
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