Por Luciano
Pamplona (*)
Em 11 de março de 2022 completamos dois anos do
anúncio de pandemia feito pela Organização Mundial da Saúde. Quem
apostaria, lá em dezembro de 2019, que aqueles casos na China tomariam
proporções tão desastrosas e duradouras? E no Ceará, o que aprendemos? O que
sabemos ou achamos que sabemos?
Em Fortaleza, passamos por três ondas chegando a
quase 1 milhão de casos notificados e 11 mil vidas perdidas. Nessa
última onda, tivemos um tsunami de casos com, proporcionalmente, muito menos
óbitos. Mas, em se tratando de vidas, cada uma vale muito, e, para muitas
famílias, não deu certo.
Passamos por períodos sem vacinas, períodos em
que fomos privados de sair de casa até para ir à escola, ficamos sem ver nossos
familiares e, pior que isso, tivemos momentos em que não pudemos, sequer,
participar do funeral de nossos entes queridos.
Tempos difíceis! Mas aprendemos! Espero. Vimos uma
evolução da compreensão sobre os possíveis medicamentos e o sucesso das vacinas
em reduzir internações e óbitos. Aprendemos que a máscara é, sim, uma
boa medida de proteção individual. Usamos de todos os tipos: as de pano, de
crochê combinando com a roupa, as mais baratas, outras não tanto.
Mas, como pai, fico apreensivo quando vejo as
crianças se arrumando para ir à escola e colocando a máscara como se fizesse
parte do fardamento, da rotina, da vida normal. Quanto prejuízo
para socialização, vocalização, audição! Mas sei que isso foi
necessário em algum momento e, coletivamente, os benefícios justificaram os
prejuízos. Mas, depois de dois anos, estamos cansados dela.
Vimos tantos falarem bobagens "em nome da
ciência". Ou usando a "ciência" como pano de fundo para seus
propósitos. Mas aprendemos que existe algo chamado Medicina Baseada em
Evidências e que, de acordo com o método científico utilizado,
podemos ter resultados que são mais conclusivos que outros, pois apresentam
maior nível de evidência.
E o que esperar? Infelizmente, a pandemia segue.
Entretanto, por aqui, com uma taxa de positividade dos testes muito
baixa e que nos permite ensaiar uma volta à vida normal, com muito mais
conhecimento.
(*) professor
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/03/2021. Opinião. p.18.
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