terça-feira, 19 de abril de 2022

COVID-19, o que teremos pela frente...

Por Luciano Pamplona (*)

Em 11 de março de 2022 completamos dois anos do anúncio de pandemia feito pela Organização Mundial da Saúde. Quem apostaria, lá em dezembro de 2019, que aqueles casos na China tomariam proporções tão desastrosas e duradouras? E no Ceará, o que aprendemos? O que sabemos ou achamos que sabemos?

Em Fortaleza, passamos por três ondas chegando a quase 1 milhão de casos notificados e 11 mil vidas perdidas. Nessa última onda, tivemos um tsunami de casos com, proporcionalmente, muito menos óbitos. Mas, em se tratando de vidas, cada uma vale muito, e, para muitas famílias, não deu certo.

Passamos por períodos sem vacinas, períodos em que fomos privados de sair de casa até para ir à escola, ficamos sem ver nossos familiares e, pior que isso, tivemos momentos em que não pudemos, sequer, participar do funeral de nossos entes queridos.

Tempos difíceis! Mas aprendemos! Espero. Vimos uma evolução da compreensão sobre os possíveis medicamentos e o sucesso das vacinas em reduzir internações e óbitos. Aprendemos que a máscara é, sim, uma boa medida de proteção individual. Usamos de todos os tipos: as de pano, de crochê combinando com a roupa, as mais baratas, outras não tanto.

Mas, como pai, fico apreensivo quando vejo as crianças se arrumando para ir à escola e colocando a máscara como se fizesse parte do fardamento, da rotina, da vida normal. Quanto prejuízo para socialização, vocalização, audição! Mas sei que isso foi necessário em algum momento e, coletivamente, os benefícios justificaram os prejuízos. Mas, depois de dois anos, estamos cansados dela.

Vimos tantos falarem bobagens "em nome da ciência". Ou usando a "ciência" como pano de fundo para seus propósitos. Mas aprendemos que existe algo chamado Medicina Baseada em Evidências e que, de acordo com o método científico utilizado, podemos ter resultados que são mais conclusivos que outros, pois apresentam maior nível de evidência.

E o que esperar? Infelizmente, a pandemia segue. Entretanto, por aqui, com uma taxa de positividade dos testes muito baixa e que nos permite ensaiar uma volta à vida normal, com muito mais conhecimento.

(*) professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/03/2021. Opinião. p.18.

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