Por
Francisco Artur Pinheiro Alves
(*)
Em 1973, o Concílio Nacional da Igreja Católica Apostólica
Brasileira - ICAB, oficializou a canonização do Padre Cícero Romão Batista,
como santo, com o título de São Cícero de Juazeiro.
Este ato teve ampla repercussão na imprensa e particularmente
na Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR. Segundo o pesquisador Wagner
Lopes Sanchez, do Centro de Estudos da História da Religião na América Latina,
várias foram as manifestações de protesto da CNBB e de bispos Católicos, como o
Bispo de São Paulo, à época, Dom Paulo Evaristo Arns. Isso mostra a amplitude
do caráter polêmico em torno da figura do Pe. Cícero, em vida e depois da morte.
Dezenas de anos depois, com a chegada de Dom Fernando Panico à
diocese do Crato, um processo de canonização do padre foi levado a efeito por
ele, junto ao Vaticano e há uma esperança que o mesmo avance e chegue ao seu
desiderato. Um passo importante neste sentido, foi a reabilitação do Pe.
Cícero, por parte do Vaticano, com a anulação, da suspensão de ordem imposta ao
padre, logo após o chamado fenômeno da hóstia ensanguentada, quando a Beata
Maria do Araújo recebia a santa comunhão, das mãos do Pe. Cícero (1889). Sem
essa reabilitação, não seria possível o processo caminhar.
O que se pode destacar disso tudo, é o fato da ICAB, ter
protagonizado avanços que na época foram criticados pela ICAR, mas que depois
foram adotados por ela, de forma oficial. O exemplo mais evidente disso foi a
missa em língua vernácula, adotada pioneiramente pela ICAB em 1945, que recebeu
severas críticas da ICAR, mas logo depois ela mesma viria a adotar. Foi o que
ocorreu por ocasião do Concílio Ecumênico Vaticano Segundo, no início da década
de 1960, no qual a missa em língua vernácula foi oficializada.
Assim como foi o caso da missa em português, quem sabe se a ICAR
mais uma vez, seguindo o exemplo da ICAB, canonizará o Padre Cícero nos
próximos anos? Vamos aguardar.
Seja como for, o certo é que, os admiradores, devotos,
seguidores e pesquisadores de Padre Cícero, cada um, segundo seu interesse, tem
um grande motivo para comemorar, estudar e até se aprofundar, com a canonização
de São Cícero de Juazeiro, como primeiro santo do Ceará e um dos primeiros do
Brasil.
Viva São Cícero de Juazeiro! Viva o Padre Cícero, o cearense do
Século.
(*) Professor aposentado da Uece.
Fonte: O Povo, de 17/07/2022. Opinião. p.19.
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