terça-feira, 2 de agosto de 2022

CONSÓRCIOS REGIONAIS E ACESSO À SAÚDE

Por Francisca Jéssika Moura (*)

Os Consórcios de Saúde no Ceará são essenciais para a pactuação de ações e disponibilização de serviços, de Policlínicas e de CEOs. A união de um conjunto de Municípios e Estado fortalece e dá sustentabilidade ao consórcio que sobrevive graças a uma rede solidária de pagamentos equitativos.

Um desafio refere-se à capacidade de negociação, envolvendo disputas partidárias entre cidades vizinhas, a cidade-polo e o governo estadual, sobretudo quando os municípios correm o risco de perder visibilidade como provedor do serviço. Outro desafio advém das complexas e delicadas tensões entre enorme demanda, baixa oferta, necessidade real de um especialista, a resolutividade da Atenção Primária e o uso de plataformas alternativas, como a Telessaúde.

Uma fonte clara de problema é a da dificuldade de deslocamento. Os transportes sanitários foram grande avanço, mas há limitações da capacidade máxima destes, os locais de encontro, barreiras físicas do deslocamento de usuários de áreas remotas, horários de transporte e tempo de espera para atendimento após chegada ou retorno da conclusão da consulta/procedimento. Além disso, têm-se as dificuldades de comunicação de agendamento de consultas, de pouco comprometimento das pessoas no autocuidado.

O controle social exerce papel relevante, passando a exigir a manutenção das atividades elencadas e forçando a pactuação do gestor municipal neste contexto, a efetivação de lógicas macroestruturais de ampliação da rede de atenção e o estabelecimento de protocolos de fluxos assistenciais mais consistentes.

Os problemas técnicos se associam aos de financiamento, aos políticos intergestores, interpartidários e inter formas de democracia (a representativa do executivo e a participativa do controle social), aos de imagem (quem fez o que a quem) e aos jurídicos, pois o consórcio não constitui um novo nível de governo (municipal, estadual, federal).

Mas o consórcio de saúde, como tática de programação e gestão, tem representado grandes avanços no sentido de garantir acesso e integralidade do cuidado aos habitantes da região, tornando o SUS mais equânime.

(*) Médica veterinária e sanitarista. Mestranda em Saúde Coletiva da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/07/2022. Opinião. p.18.

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