Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O Homem é um animal vulnerável, cujos ânimos são
apenas suficientes para a conservação da própria existência. Necessita possuir
ouvidos e ter olhos sempre atentos, vigilantes, para detectar animais
predadores, sobretudo quando fazemos parte de sua cadeia alimentar.
Existimos do medo!
Conceba também, leitor, a intensidade desse medo
ancestral acrescido sempre pela possibilidade de nos tornarmos alimento de
predadores gigantes e visíveis do tipo tigre de dentes de sabre,
dinossauros... Imagine-se ademais diante de inimigos invisíveis: vírus,
bactéria e parasitas. Tudo isso agudiza nossos temores da finitude.
Perdemos o amparo das religiões e as tais de
tecnociências são tão mutantes quanto "as nuvens do céu".
Conceba ainda o sofrimento causado pelo terror que
nos foi imposto com a desculpa da atual pandemia viral, a primeira
historicamente a ser informatizada e controlada por grandes empresas como a
Apple, o Google, o Facebook, a Amazon- et cetera – e
fomentada pelos conglomerados farmacêuticos, tão ou mais poderosos do que as
indústrias bélicas.
Imaginem a confusão amedrontadora despertada
nas mentes pelo ancestral sofrimento da espécie humana, confusão essa
que tem como resultante o incremento da “angústia-vital”, também
conhecida como angústia neurótica, considerada uma das fobias das mais
incapacitantes geradas por agentes patógenos invisíveis.
Temor, medo, insegurança, desequilíbrio, tornam-se
asfixiantes, refletindo-se no corpo de alguma forma: dor de cabeça, dificuldade
para respirar, falta de equilíbrio, vontade de vomitar ou sudorese, entre
outros e, se houver propensão às doenças ditas mentais, as tornarão
exacerbadas. Para usar a terminologia atual, viralizam ao mesmo tempo e mais do
que o próprio vírus. O pior de tudo é que a ‘angústia vital viralizada’,
modifica a visão que temos do Mundo e nos leva a um pessimismo doentio.
Faço aqui um apelo esperançoso. A história nos
ensina que a atual pandemia, apesar de lamentável, dado o número de vidas
ceifadas, há de nos servir – seja como for - de aprendizado.
Lembro aos seus sobreviventes e até agora me incluo
neles, as palavras do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1910):
“O que não me mata me fortalece”.
Aprendi que a espécie humana é uma só, não existindo
um vale francês ou uma montanha germânica e que vírus nenhum necessita de
mostrar passaporte ou visa para entrar em lugar nenhum.
Fronteiras não passam de abstrações humanas, assim
como as tais de ideologias.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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