quinta-feira, 6 de abril de 2023

A FOME DOS IRMÃOS E IRMÃS DEVE DOER EM NÓS

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Este mês iniciamos a Quaresma, tempo de graça em que somos chamados a intensificar práticas da vida cristã: oração, jejum e caridade. Desde 1962, todos os anos a Campanha da Fraternidade, nos ajuda a aprofundar a conversão quaresmal. Em cada edição é escolhido um tema para chamando a atenção sobre uma realidade a ser transformada.

Neste ano, a Igreja no Brasil através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nos propõe a reflexão sobre a fome, que atinge milhões de brasileiros. Com o tema "Fraternidade e Fome" e o lema "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt 14,16).

A fome dos irmãos e irmãs deve doer em nós. Por isso, aproveito para aprofundar um pouco mais sobre o importante exercício quaresmal da caridade.

Em algumas traduções bíblicas a palavra usada nas citações, é amor. Em outras traduções é caridade, mas isso não importa, pois, caridade é o sinônimo e a prática do amor. Por isso São Paulo diz que a caridade jamais passará (1 Cor 13, 8), pois na eternidade continuaremos amando e o amor será pleno. E, São Pedro nos diz: "Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados" (IPd 4,8).

Uma virtude tão imprescindível que nos foi deixada por Nosso Senhor Jesus Cristo como um novo mandamento: "Dou-vos um mandamento novo: Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros" (Jo 13, 34).

O amor da caridade pode ser praticado pelas obras de misericórdia: amar sem interesse, ter a sensibilidade que entende o sofrimento do próximo, atendendo suas necessidades espirituais e materiais com a mesma empatia e compaixão do Nosso Senhor.

A caridade afetiva, expressão dessa virtude, consiste nos gestos concretos de partilha e de solidariedade para com o próximo. É dar pão a quem tem fome, mas também lutar por justiça e promover a dignidade da vida humana.

Não precisamos ser ricos para repartir; aliás, são os que possuem menos que têm as mãos mais generosas.

Repito aquilo que não me canso de falar em minhas pregações, aquilo que está estocado em nossos armários falta na mesa dos irmãos.

Por fim, espero que os exercícios quaresmais nos levem a conversão, a vida de oração, a partilha e nos façam enxergar no próximo o rosto de Jesus Cristo.

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 25/02/2023. Opinião. p.18.

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