Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
Este mês iniciamos a Quaresma, tempo de graça em que somos
chamados a intensificar práticas da vida cristã: oração, jejum e caridade.
Desde 1962, todos os anos a Campanha da Fraternidade, nos ajuda a
aprofundar a conversão quaresmal. Em cada edição é escolhido um tema para
chamando a atenção sobre uma realidade a ser transformada.
Neste ano, a Igreja no Brasil através da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nos propõe a reflexão sobre a fome, que
atinge milhões de brasileiros. Com o tema "Fraternidade e Fome" e o
lema "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt 14,16).
A fome dos irmãos e irmãs deve doer em nós. Por isso, aproveito
para aprofundar um pouco mais sobre o importante exercício quaresmal
da caridade.
Em algumas traduções bíblicas a palavra usada nas citações, é
amor. Em outras traduções é caridade, mas isso não importa, pois, caridade é o
sinônimo e a prática do amor. Por isso São Paulo diz que a caridade jamais
passará (1 Cor 13, 8), pois na eternidade continuaremos amando e o amor será
pleno. E, São Pedro nos diz: "Antes de tudo, mantende entre vós uma
ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados" (IPd
4,8).
Uma virtude tão imprescindível que nos foi deixada por Nosso
Senhor Jesus Cristo como um novo mandamento: "Dou-vos um
mandamento novo: Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros" (Jo 13,
34).
O amor da caridade pode ser praticado pelas obras
de misericórdia: amar sem interesse, ter a sensibilidade que entende o
sofrimento do próximo, atendendo suas necessidades espirituais e materiais com
a mesma empatia e compaixão do Nosso Senhor.
A caridade afetiva, expressão dessa virtude, consiste nos gestos
concretos de partilha e de solidariedade para com o próximo. É dar
pão a quem tem fome, mas também lutar por justiça e promover a dignidade da
vida humana.
Não precisamos ser ricos para repartir; aliás, são os
que possuem menos que têm as mãos mais generosas.
Repito aquilo que não me canso de falar em
minhas pregações, aquilo que está estocado em nossos armários falta na mesa
dos irmãos.
Por fim, espero que os exercícios quaresmais nos levem a
conversão, a vida de oração, a partilha e nos façam enxergar no próximo o
rosto de Jesus Cristo.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 25/02/2023.
Opinião. p.18.
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