Por Sérgio Pessoa (*)
Estádio Azteca,
1970: O Rei Pelé pula mais alto que o italiano Giacinto Fachetti,
para no espaço, de olhos fixos e abertos, desfere uma mortal cabeçada no canto
do goleiro Albertosi e sai dando socos no ar comemorando o primeiro gol na
lendária final da copa do tri, no México.
Maracanã,
1976: Roberto Dinamite recebe um cruzamento na marca do
pênalti, aplica um lençol no zagueiro botafoguense Osmar e fuzila, de voleio, o
goleiro Wendell aos 45 minutos do segundo tempo.
Lances
imortalizados nas telas da TV, do cinema e agora no YouTube nos dão a impressão
de que os dois craques não morrerão jamais. No nosso imaginário, certamente,
mas, infelizmente, a realidade mundana é outra. Pelé e Dinamite tiveram sua
passagem terrena abreviada pelo câncer
de intestino, uma doença
comum e absolutamente passível de prevenção e cura, se precocemente
diagnosticada.
O câncer
colorretal (CCR), popularmente conhecido como câncer de intestino, é o segundo
tumor maligno mais frequente entre mulheres e homens no Brasil. É uma lesão que
pode ser prevenida e diagnosticada em fases precoces, o que permite altas
taxas de cura, se utilizarmos ferramentas como pesquisa de sangue oculto nas
fezes e colonoscopias periódicas a partir dos 50 anos.
A Federação
Brasileira de Gastroenterologia (FBG) e as Sociedades Brasileiras de Endoscopia
Digestiva (SOBED) e de Coloproctologia (SBCP) promovem, em todo o Brasil, a
campanha Março Azul. O objetivo é esclarecer a população e
cobrar do poder público estratégias que reduzam o risco da doença e permitam o
diagnóstico antes da instalação do câncer ou em suas fases iniciais.
A campanha
busca popularizar a ideia de que a partir dos 50 anos na população geral, e
mais cedo em grupos especiais, como parentes em primeiro grau de portadores de
CCR ou indivíduos portadores de doença inflamatória intestinal, a realização de exames laboratoriais e colonoscopias
devem fazer parte do cuidado individual de cada um de nós. Lamentavelmente, as
doenças de Pelé e de Roberto Dinamite já foram identificadas em fase muito
avançada, o que reduziu em muito a chance de cura.
Marque um gol de placa. Lembre-se do Março Azul e previna-se!
(*) Médico gastroenterologista. Presidente
da Federação
Brasileira de Gastroenterologia.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/03/2023. Opinião. p.20.
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