Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Segundo
o “Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa”, ortodoxia
significa conformidade absoluta com certos padrões, normas ou dogmas. Por outro
lado, o antônimo, heterodoxia, diz respeito ao inconformismo, a não anuência e
também a aspectos que não são tradicionais. Existem na vida humana, por
exemplo, manifestações, atitudes, diretrizes e políticas caracterizadas por
sentimentos ortodoxos ou heterodoxos. Assim, acontece com a religião, a
medicina, o amor, as ciências jurídicas, a educação familiar, o comportamento
profissional, as ciências econômicas etc. É evidente que cada pessoa deveria,
de acordo com a sua consciência, fazer sua opção levando-se em consideração os
princípios éticos e morais. Não se pode admitir, de um lado, os donos da
verdade e, de outro, as resistências às mudanças quando não são encontrados os
caminhos que levem à desejada felicidade. Dessa forma, como disse Francis
Bacon: “O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las”. Dentro
deste quadro de referência, é possível fazer uma análise ressaltando-se os
aspectos conjunturais da economia de um país, isto é, as características e
estratégias, bem como a interdependência relacionada com a política e o social.
Não confundir as intenções retóricas com as mudanças efetivas almejadas pelo
povo. Parece claro que os grandes problemas relacionados com o desenvolvimento
econômico de um país, além de conotações mais profundas de ordem cultural,
estão associados a fatores como desigualdades entre regiões, entre áreas
urbanas e rural, bem como distribuição de renda altamente perversa, do ponto de
vista pessoal, funcional (renda do capital versus renda de salários) ou
setorial (setores de produção versus setores sociais). Esses desequilíbrios
distributivos são de natureza estrutural e conjugam-se com os seguintes
desafios conjunturais: elevado grau de endividamento, preocupantes níveis de
desemprego, elevadas taxas de juros, déficits, dentre outros. A perspectiva de
inflação dos países emergentes, para a formação da qual os fatores externos são
inegáveis, tem um alto componente psicológico, o qual, certamente, é afetado
pela incerteza no futuro. Sem dúvida, o quadro nesses países, não é fácil e
seria leviandade exigir soluções rápidas e imediatas, pois além dos objetivos
conflitantes, existem variáveis aleatórias. Todavia, vale destacar que é
preciso encontrar diretrizes não tradicionais, não se fixando apenas na
ortodoxia, visando assim, promover o desenvolvimento num contexto democrático.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 28/04/2023. Ideias.
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