Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
O julgamento dos
vândalos do oito de janeiro está próximo.
Eu não sou
psicólogo, talvez por isso eu não compreenda o que leva um indivíduo a gastar
seus recursos para comprar tinta para fazer pichação. Aqui não me
refiro à arte da pintura, ao grafite como arte, mas à pichação sem sentido.
Como não entendo
atitudes de quebra de bens pertencentes ao Estado.
Se você não gosta
de alguém e quebra, por vingança, por exemplo, o carro desse
alguém, você até tem o pretexto de dar prejuízo àquela pessoa.
Mas, entrar em um
prédio público e quebrar algo é imbecilidade pura.
É claro que quem
age assim não tem raiva do prédio. Tem raiva de seu ocupante, ou de seus
ocupantes. Mas, quem ocupa o prédio não vai arcar com o prejuízo. O Tesouro,
sim. Seja o federal, o estadual ou o municipal.
E como o
orçamento, qualquer que seja ele, sempre é limitado, os gastos de reparo dos
danos determinam falta de recursos para projetos que até poderiam beneficiar o
vândalo. Não é, pois, uma atitude imbecil, danificar qualquer bem
público?
Mas, no Brasil
atual, parece que a ideia não é, apenas, demonstrar desacordo com a situação
atual, é preparar uma ação mais abrangente, de quebra do paradigma existente.
Será que assim
pensam os vândalos que invadiram o Congresso Nacional, a sede do
Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto?
Será que, pelo
menos alguns desses vândalos leram algo sobre as revoltas e
revoluções que, mundo afora, resultaram na quebra de algum paradigma? Teriam
eles noção de que nenhuma revolução armada ou violenta, mesmo vitoriosa, trouxe
a felicidade sonhada como duradoura para o povo que a propugnou ou,
simplesmente, a aceitou?
As revoluções
sempre são coordenadas por alguns para proveito desses "alguns".
Vejam a revolução
bolchevista, a revolução de Mao Tse Tung, a revolução cubana, ou mesmo a
revolução francesa. Os "alguns" mais fortes ou influentes mataram os
"alguns" mais fracos. Principalmente os verdadeiros idealistas.
E isto é verdade
para qualquer revolução. Seja de direita, seja de esquerda. Veja-se, por
exemplo, o Nazismo na Alemanha e o Fascismo na
Itália.
Aqui no Brasil
tivemos a "revolução de 1930", um movimento de derrubada de um
presidente eleito e que foi chamada de "revolução", embora não tenha
havido mortes, exceto a da motivação do movimento, a morte do presidente do
Estado da Paraíba, João Pessoa, mas que, parece, foi um crime passional e não,
político.
Aliás, é próprio
dos brasileiros chamar de "revolução" golpes de estado, mudanças
abruptas de governantes, sem que seja disparado um único tiro.
Parece que
brasileiro mata brasileiro para roubar, por questão passional e até, de adversário
político, nunca por questões nacionais.
(*) Economista e professor titular
aposentado da UFC,
Fonte: O Povo, de 7/05/23. Opinião. p.18.
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