quinta-feira, 15 de junho de 2023

A INCOMPETÊNCIA HUMANA PARA O DISCERNIMENTO

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

O julgamento dos vândalos do oito de janeiro está próximo.

Eu não sou psicólogo, talvez por isso eu não compreenda o que leva um indivíduo a gastar seus recursos para comprar tinta para fazer pichação. Aqui não me refiro à arte da pintura, ao grafite como arte, mas à pichação sem sentido.

Como não entendo atitudes de quebra de bens pertencentes ao Estado.

Se você não gosta de alguém e quebra, por vingança, por exemplo, o carro desse alguém, você até tem o pretexto de dar prejuízo àquela pessoa.

Mas, entrar em um prédio público e quebrar algo é imbecilidade pura.

É claro que quem age assim não tem raiva do prédio. Tem raiva de seu ocupante, ou de seus ocupantes. Mas, quem ocupa o prédio não vai arcar com o prejuízo. O Tesouro, sim. Seja o federal, o estadual ou o municipal.

E como o orçamento, qualquer que seja ele, sempre é limitado, os gastos de reparo dos danos determinam falta de recursos para projetos que até poderiam beneficiar o vândalo. Não é, pois, uma atitude imbecil, danificar qualquer bem público?

Mas, no Brasil atual, parece que a ideia não é, apenas, demonstrar desacordo com a situação atual, é preparar uma ação mais abrangente, de quebra do paradigma existente.

Será que assim pensam os vândalos que invadiram o Congresso Nacional, a sede do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto?

Será que, pelo menos alguns desses vândalos leram algo sobre as revoltas e revoluções que, mundo afora, resultaram na quebra de algum paradigma? Teriam eles noção de que nenhuma revolução armada ou violenta, mesmo vitoriosa, trouxe a felicidade sonhada como duradoura para o povo que a propugnou ou, simplesmente, a aceitou?

As revoluções sempre são coordenadas por alguns para proveito desses "alguns".

Vejam a revolução bolchevista, a revolução de Mao Tse Tung, a revolução cubana, ou mesmo a revolução francesa. Os "alguns" mais fortes ou influentes mataram os "alguns" mais fracos. Principalmente os verdadeiros idealistas.

E isto é verdade para qualquer revolução. Seja de direita, seja de esquerda. Veja-se, por exemplo, o Nazismo na Alemanha e o Fascismo na Itália.

Aqui no Brasil tivemos a "revolução de 1930", um movimento de derrubada de um presidente eleito e que foi chamada de "revolução", embora não tenha havido mortes, exceto a da motivação do movimento, a morte do presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa, mas que, parece, foi um crime passional e não, político.

Aliás, é próprio dos brasileiros chamar de "revolução" golpes de estado, mudanças abruptas de governantes, sem que seja disparado um único tiro.

Parece que brasileiro mata brasileiro para roubar, por questão passional e até, de adversário político, nunca por questões nacionais.

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 7/05/23. Opinião. p.18.

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