Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
A
conceituação de desenvolvimento econômico pressupõe o aprimoramento do processo
político, em que se incluem os conceitos de justiça e liberdade. As relações
entre variáveis políticas e socioeconômicas, envolvendo intrinsecamente o Estado,
afetam de forma cada vez mais decisiva a Nação. Nesse aspecto, aliás,
verifica-se uma verdadeira simbiose, pela qual as variáveis políticas
influenciam e são influenciadas pelas variáveis socioeconômicas.
Tradicionalmente, mencionado problema tem sido enfocado por determinados
analistas sob dois ângulos: de um lado, a abordagem sociopolítica, que procura
penetrar na raiz da questão. De outro lado, a análise socioeconômica,
detendo-se na descrição das características do atraso nacional, nas suas inter-relações
e nas propostas de política econômica. Assim, parece-nos claro que os problemas
inerentes ao desenvolvimento econômico e social do Brasil, além de conotações
de natureza cultural, estão relacionados a pontos como: desigualdades entre as
áreas urbana e rural; disparidades inter e intra regionais; bem como
distribuição perversa de renda, em termos pessoal e setorial. A estes
desequilíbrios distributivos estruturais, conjugam-se problemas conjunturais,
dentre outros: dívida financeira, taxas de inflação, níveis de desemprego,
reduzidos índices educacionais, como também péssimas condições de saúde e
saneamento básico. A problemática nacional não é de fácil solução e também não
será resolvida com demagogia. As expectativas dos agentes econômicos e políticos
muitas vezes se conflitam e, para tornar a situação mais complexa, existem
fatores que fogem ao domínio das autoridades constituídas. Com a permanência
deste quadro, ocorre a insatisfação da população, provocando tensões sociais e,
naturalmente, desestimulando a colaboração no esforço nacional de retomada do
desenvolvimento, de que o Brasil tanto necessita. Em outras palavras, existe
uma relação direta entre o fator psicossocial e a produtividade geral da
economia. Faz-se necessária uma maior identidade entre Nação e Estado ou entre
os vários segmentos da sociedade e o Governo, com isso proporcionando bases
mais sólidas para o desejado entendimento nacional. Entendemos que a
viabilização do mencionado objetivo, entretanto, somente acontecerá na medida em
que prevaleçam o espírito público, a independência e a harmonia dos poderes
constituídos e a valorização das representações políticas, consolidando um
verdadeiro Estado democrático com justiça social e investimentos públicos e
privados.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 12/05/2023. Ideias.
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