Por Edna Maria Martiniano (*)
Seis de maio é aniversário de nascimento de Rodolfo Teófilo.
160 anos. Rodolfo nasceu na Bahia, mas adotou o Ceará como terra natal, nela
vivendo intensamente seus problemas e suas dores, enfrentando o descaso e a
perseguição dos governantes da época, diante dos problemas sociais, e
combatendo as mazelas de um estado à mercê das oligarquias no poder. Fome,
varíola, escravidão, eram os principais problemas da época, que contaram com a
engajada atuação de Rodolfo, enquanto governantes permaneciam alheios ao
sofrimento do povo.
Farmacêutico e escritor, Rodolfo combateu a fome de alimento e de
conhecimento. Membro da Padaria Espiritual, movimento literário da época
que se propunha a "fornecer o pão do espírito aos sócios em particular, e
aos povos em geral", Rodolfo foi um dos mais notáveis nomes da literatura
cearense, escreveu 28 livros e foi responsável por introduzir o
Realismo/Naturalismo no Ceará com o romance "A
Fome" (1890), onde retratou os tristes episódios da nossa história,
os dramas ocorridos durante a grande seca que assolou o Ceará (1877-1879).
Muitos foram os feitos de Rodolfo Teófilo. Foi professor, fabricou
a vacina da varíola, inventou a cajuína e participou ativamente da
campanha abolicionista no Ceará. Daí a necessidade de se reverenciar tão
importante memória. Mas não é o que acontece em Maracanaú, onde Rodolfo viveu
parte de sua vida, na Pajuçara, onde ainda existe uma casa que há quase 30
anos, movimentos sociais e literários reivindicam a transformação em
um Centro de Cultura e Memória, que seja o guardião do espólio literário
do escritor, com atividades educativas e artísticas para a comunidade.
Todos os anos, são destinados recursos no orçamento
de Maracanaú para a Casa, mas permanece só no papel, pois na prática,
presenciamos o imóvel sem manutenção, sem funcionamento. Presenciamos,
inclusive, o desabamento de parte do teto da Casa, noticiado recentemente pela
imprensa.
Em Maracanaú, vemos o futuro repetir o passado, onde governantes,
alheios ao legado de Rodolfo Teófilo, seguem insensíveis, e o povo assiste ao
descaso de sucessivas administrações com a memória do escritor, como
na poesia de Rouxinol do Rinaré: "Hoje ainda é desprezado/Pelos políticos
de então/O que restou de herança/Do mais ilustre varão/Mas, a Sopoema cobra/Que
se restaure o que sobra/Da injusta destruição!"
(*) Socióloga, escritora, membro da SOPOEMA e AML.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/5/23. Opinião, p.19.
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