segunda-feira, 24 de julho de 2023

IGREJA CATÓLICA E JUVENTUDE

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

A Igreja põe-se à escuta da realidade dos jovens, na pessoa do compassivo e conciliador Papa Francisco. A pós-modernidade globalizada exerce forte influência sobre os jovens, que sentem o dilaceramento da dupla experiência do vazio de sentido da sociedade consumista e hedonista, de um lado, e de outro, a necessidade absoluta do ser humano de horizonte amplo de sentido a ser encontrado em Deus. 

Os jovens possuem um coração permeado do desejo de encontro com o sentido de todos os sentidos, pois, quanto mais fundo a sociedade mergulha no oceano infindável do materialismo dos bens de consumo, utilitarismo e pragmatismo reinante, mais alto a juventude ergue o clamor pela Transcendência.

O Papa se propõe a ouvir os jovens em profundidade e a discernir sobre questões postas por eles, à luz do Evangelho e da missão da Igreja, que precisa e quer estar mais ao lado deles no discernimento de questões cruciais de sua vida e de seu futuro.

Francisco possui o dom de agregar, de acolher, de abraçar a todos (as) e apela para que os jovens dialoguem entre si, mas é preciso principalmente que dialoguem com os mais velhos. Os que vão pelo seu caminho sem dialogar com os mais velhos perdem as raízes, perdem o sentido da História, perdem o sentido de pertença. O dedo está apontado para a crescente atomização geracional, muitas vezes revestida da mais cruel desumanidade. 

Na Jornada Mundial da Juventude de 2023 observamos o apelo chamado de Francisco pelo diálogo entre gerações. E, com energia e força renovadas pelas suas palavras, trabalharemos para instituir um diálogo 'mais fecundo' entre jovens e "jovens há mais tempo". 

A investida é o vigor político na preservação de uma sociedade em que a juventude e a senioridade, a irreverência e a sabedoria andem de mãos dadas na construção do futuro e no respeito pelo passado. 

Os jovens querem que a Igreja seja uma instituição que brilhe por sua coerência, competência, corresponsabilidade e solidez cultural e que compartilhe sua situação de vida e não somente os seus sermões. Em tempos favoráveis para reconhecer suas falhas e omissões, os jovens oferecem elementos significativos para a Igreja retomar sua missão e anúncio profético junto à juventude.

Ao voltar-se para eles, antes de apelar para a sua conversão, é a própria Igreja que se propõe a fazer um caminho de "conversão pastoral e missionária". E isso requer mudança de atitudes e posturas pastorais em relação aos jovens.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 10/06/2023. Opinião. p.18.

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