Por Marcelo Cavalcante (*)
Recentemente,
a Organização Mundial de Saúde divulgou estatística atualizada sobre a
fertilidade mundial. Desde o último levantamento, há 10 anos, a quantidade de pessoas inférteis cresceu assustadoramente. Estima-se que um em cada seis casais
apresentam dificuldade para engravidar. Parentalidade tardia, obesidade, estilo
de vida, contaminantes e poluição ambiental são fatores que podem justificar o
crescimento desse problema de saúde.
Um casal é
considerado infértil quando tenta engravidar e, depois de um período de 12
meses, não consegue. Caso a parceira tenha mais de 35 anos, esse intervalo deve
ser reduzido para seis meses de tentativas. Diversas ações de saúde podem ser realizadas para informar a população sobre planejamento
reprodutivo e como otimizar a fertilidade, evitando hábitos que impactam
negativamente no potencial reprodutivo do homem e da mulher.
Apesar de
poucos saberem, o mês de junho, em todo o mundo, é conhecido como o Mês de
Conscientização da Infertilidade. As campanhas de divulgação, com informações de qualidade, são uma grande arma para o combate à
infertilidade. Entretanto, não é o suficiente.
No Brasil,
existe uma grande dificuldade de acesso da população a serviços especializados
em reprodução assistida. Comparando com outros países da América Latina, o
Brasil é o 6º país em número de tratamentos de alta complexidade para casais inférteis, realizando 231 ciclos de fertilização in vitro
para cada um milhão de habitantes. Uruguai, com 558 ciclos de fertilização in
vitro para cada um milhão de habitantes, é o país da América Latina com maior
número proporcional de casos, seguido pela Argentina, Panamá, Chile e Peru.
Essa nova realidade
reprodutiva mundial deve ser observada com extrema atenção. Países com baixas taxas de natalidade já estão promovendo mudanças inimagináveis até pouco tempo. Um
exemplo é a alteração recente na política chinesa de filho único. É chegada a
hora dos gestores públicos repensarem as políticas de planejamento familiar no
Brasil. Precisamos estar preparados para o que virá pela frente.
(*) Médico especialista em Reprodução
Humana.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/06/2023. Opinião. p.20.
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