Por Leonardo Rocha Drumond (*)
Aguardar em
uma fila de espera por consulta ortopédica do Sistema Único de Saúde
(SUS) na capital cearense já é difícil, mas imagine para quem reside no
interior do estado e sente dores por doenças ortopédicas, como hérnias discais,
lesões do manguito rotador, lesões do ligamento cruzado, instabilidades
articulares e artrose. Esses pacientes precisam aguardar por meses e até
décadas, pois no Ceará não tem qualquer local onde o portador
da doença possa ser encaminhado e avaliado com brevidade no fluxo da
rede de atendimentos públicos cearense.
Atualmente, no
nosso estado, os atendimentos traumatológicos de urgência, como contusões e fraturas, que são responsáveis por grande parte da
demanda, são cobertas, exclusivamente, pelo atendimento das unidades
municipais. Em Fortaleza, as fraturas de pequeno e médio complexidade são
realizadas nos hospitais Frotinhas (Parangaba e Antônio Bezerra) e de grande
complexidade no Instituto Doutor José Frota, que conta com o Hospital Zilda Arns, como apoio.
Uma das
alternativas para diminuir as filas de espera de atendimentos traumatológicos,
que debilitam a pessoa a ponto de impedi-la de trabalhar e que impactam
gravemente não só na saúde, mas também no sustento do indivíduo, seriam
as Unidades de Pronto Atendimento (Upas). É importante ressaltar que a traumatologia
já era prevista para realizar atendimentos de urgência nas Upas, desde o seu
projeto inicial, a modularidade da sua estrutura permite a realização de exames de
imagem, pequenos procedimentos e imobilizações, para o primeiro atendimento e a
partir daí direcionar ou transferir para as unidades de retaguarda pertinentes.
Em todo o
estado, temos em funcionamento vinte e quatro unidades que fazem a cobertura de
casos de urgência e emergência clínica, mas não contam com atendimento traumatológico.
A demora para
resolver os casos de traumas na urgência, gera um alto custo para o paciente,
pois muitas vezes fica tão debilitado que perde o emprego e por conta do
agravamento do quadro clínico, promove o aumento dos custos do
procedimento para o estado, já que a doença evolui e necessita de uma cirurgia
mais complexa e de alto custo. Essa estrutura precisa ser repensada e ser
priorizada para evitarmos sofrimento da população e desperdício do dinheiro
público.
(*) Presidente da Cooperativa
dos Médicos Traumatologistas e Ortopedistas do Estado do Ceará (Coomtoce).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/05/2023. Opinião. p. 18.
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